Descrição de chapéu guerra israel-hamas Itamaraty

Egito reabre fronteira de Gaza para estrangeiros e feridos

País árabe exigiu segurança de Israel para ambulâncias; brasileiros seguem retidos

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São Paulo

Após dois dias, o Egito reabriu na tarde desta segunda-feira (6) a fronteira com a Faixa de Gaza para receber estrangeiros, cidadãos com dupla nacionalidade, egípcios e palestinos com ferimentos graves decorrentes da guerra de Israel contra o Hamas —grupo terrorista islâmico que controla Gaza.

Palestina lava roupa em ruínas de Khan Yunis, cidade que abriga metade do grupo do Itamaraty em Gaza
Palestina lava roupa em Khan Yunis, cidade que abriga metade do grupo do Itamaraty em Gaza - Khaled Omar - 5.nov.2023/Xinhua

Ainda não foram liberadas, contudo, novas listas com nomes de cidadãos autorizados a sair. Com isso, o grupo de brasileiros coordenado pelo Itamaraty deverá ter mais um dia de angustiante espera nas cidades de Rafah e de Khan Yunis.

Como a Folha mostrou, no domingo (5) as autoridades do Cairo suspenderam a emissão de novas listas e mantiveram os portões do posto de Rafah fechados. O motivo, que não foi apresentado de forma oficial, foi o ataque de Israel a ambulâncias com feridos rumo ao Egito.

Tel Aviv disse que a ação, ocorrida na sexta-feira (3), visava veículos com terroristas escondidos. O Hamas, em guerra com Israel desde que promoveu o mortífero ataque terrorista de 7 de outubro, sustenta que houve mortes de civis.

Seja como for, o Egito pausou a operação, que depende de autorizações que se sobrepõem —por parte do Cairo e de Tel Aviv, para evitar fuga de terroristas, de um lado; e de outro, pela dupla formada por Estados Unidos e Qatar, mediadores do arranjo que começou a ser implementado na quarta passada.

Da data até sábado, cerca de 2.700 pessoas haviam sido autorizadas a sair, mas a inconstância do fluxo de pessoas no posto de Rafah impede uma conta exata acerca de quem de fato deixou Gaza. As primeiras ambulâncias a chegar à fronteira eram da Cruz Vermelha (ou Crescente Vermelho, nome da organização em países islâmicos), entidade internacional neutra.

Segundo nota divulgada pelo Hamas, "comboios de ambulâncias com feridos para Rafah devem ser acompanhados pelo Crescente Vermelho e protegidos por veículos da ONU".

Até então, mais de cem feridos já haviam sido levados ao Egito. Todos voltarão a Gaza após tratamento, dado que Cairo já disse que não aceitará um êxodo palestino para seu território.

"Mais um dia sem lista", havia dito no começo da manhã (madrugada no Brasil) o embaixador brasileiro na Cisjordânia, Alessandro Candeas, que coordena o esforço local para retirar os refugiados. "Agora esperamos a inclusão dos brasileiros", afirmou à Folha mais tarde, ao saber da notícia da reabertura.

Com tudo isso, os 34 integrantes do grupo do Itamaraty seguem esperando. Eles se queixam dos critérios adotados pelos envolvidos para definir quem sai. Ainda que a maioria dos cidadãos seja dos EUA, principal aliado de Israel, a presença de indonésios nas levas já despachadas dificulta a leitura de favorecimento: o país asiático nem mantém relações diplomáticas com o Estado judeu, por exemplo.

O Brasil tem insistido por todos os lados, por meio de conversas do chanceler Mauro Vieira com seus pares dos EUA, Egito, Israel, Autoridade Nacional Palestina, Qatar e até Irã —o último, mentor do Hamas e de outros grupos anti-Israel da região.

Nada disso muda a disposição dos brasileiros e dos palestinos agregados ao grupo do Itamaraty. Eles buscam sair de Gaza há um mês, e a maioria deles foi levada pelo governo brasileiro de suas casas na capital homônima na faixa para uma escola católica, e de lá para casas alugadas em Rafah.

Os demais membros do contingente —pouco menos da metade do grupo— já moravam em Khan Yunis, cidade que, a exemplo de Rafah, segue sob o impacto diário de bombas israelenses. As condições para acesso à compra de água e comida são duras, e a comunicação voltou a ser cortada no domingo, de acordo com a principal operadora de celulares e internet da região.

Um dos brasileiros, Hasan Rabee, publicou vídeos mostrando as dificuldades para comprar farinha, cujo preço está inflacionado, e fazer pão em fornos rudimentares em Khan Yunis.

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