Brasil fica fora da quarta leva de estrangeiros a deixar Gaza

Chanceler de Israel disse ao homólogo brasileiro que grupo sairá até quarta-feira que vem

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São Paulo

O Brasil não foi incluído na quarta leva de estrangeiros e pessoas com dupla nacionalidade autorizados a sair da Faixa de Gaza, aumentando a angústia das 34 pessoas que se inscreveram para serem repatriadas pelo Itamaraty.

Fumaça sobe após ataque israelense em Rafah, cidade em que parte dos brasileiros espera para sair
Fumaça após ataque israelense em Rafah, cidade em que parte dos brasileiros espera para sair - Said Khatib - 3.nov.2023/AFP

A informação é do Escritório de Representação do Brasil em Ramallah, a capital da Cisjordânia. O embaixador Alessandro Candeas tem dito estar frustrado e rezando pelo desfecho do drama, que já dura quase um mês.

Nesta madrugada de sábado (4), a lista informada pelo governo do Egito, que receberá os refugiados pelo posto de fronteira de Rafah, incluía novamente os Estados Unidos, com 386 pessoas, e Reino Unido, com 112, em destaque. Também foram autorizados a sair 51 franceses e 50 alemães.

Segundo o Itamaraty, o chanceler Mauro Vieira ouviu do seu par israelense Eli Cohen, na sexta (3), que o grupo poderá deixar a região até a quarta-feira (8).

Gaza passou a ser bombardeada diariamente por Israel como retaliação ao brutal ataque do Hamas, grupo terrorista palestino que a comanda desde 2007, no dia 7 de outubro. De lá para cá, Candeas e outros diplomatas coordenam uma operação para registrar brasileiros e palestinos em processo de imigração e levá-los o mais longe do perigo.

A tarefa é inglória. Primeiro, a escola da capital homônima da faixa usada como abrigo registrou ataques próximos. Depois, Israel determinou que a cidade e toda a região a seu norte fossem desocupadas por civis, gerando um êxodo confuso e em massa.

Por fim, 18 pessoas do grupo de 34 conseguiram se estabelecer em duas casas alugadas pelo Itamaraty em Rafah, enquanto outras 16 esperam em quatro apartamentos de Khan Yunis, cidade a 10 km dali. Os bombardeios na região são diários.

A coordenação da saída é complexa, pois os nomes precisam ser autorizados pelo Egito, que é quem controla o portão em Rafah, por Israel, que não quer ver terroristas do Hamas infiltrados nos grupos, e pelos mediadores EUA e Qatar, esse em contato com o grupo palestino. Israel também tem de suspender os ataques à área de passagem de refugiados, e o país não parou de alvejar Rafah.

Surgiram teorias conspiratórias diversas sobre a demora para alguns grupos, mas o fato é que o processo é intrincado. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse na sexta (3) em redes sociais que Israel era responsável por discriminar os brasileiros em Gaza.

A Indonésia, por exemplo, nem tem relações com Israel e já enviou várias pessoas para fora de Gaza. Os EUA, claro, por seu peso e grande contingente na região (chegou a ser estimado em 1.200 pessoas), têm conseguido mandar mais gente que todos os outros países.

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