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Daniel Noboa assume no Equador com promessa de reformas e combate a violência

Ex-deputado e herdeiro de 'magnata das bananas' governará por cerca de um ano e meio e poderá buscar a reeleição

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Quito | Reuters

O liberal Daniel Noboa tomou posse como presidente do Equador nesta quinta-feira (23), prometendo reduzir a violência do país, afundado em uma crise de segurança, e criar empregos por meio de reformas.

Ex-deputado e empresário, Noboa, 35, venceu o segundo turno do pleito nacional em outubro contra Luisa González, aliada do ex-presidente Rafael Correa. A nação enfrenta desafios econômicos profundos que levaram milhares de equatorianos a migrar e uma violência crescente cujo símbolo máximo recente foi o assassinato do candidato à Presidência Fernando Villavicencio, em agosto, após evento de campanha na capital.

Presidente do Equador, Daniel Noboa, e a primeira-dama, Lavinia Valbonesi, no palácio presidencial após a posse
Presidente do Equador, Daniel Noboa, e a primeira-dama, Lavinia Valbonesi, no palácio presidencial após a posse - Divulgação/AFP

"Para combater a violência, devemos combater o desemprego. O país precisa de empregos e, para criá-los, enviarei reformas urgentes à Assembleia que devem ser tratadas com responsabilidade e colocando o país em primeiro lugar", afirmou Noboa em seu discurso de posse, diante de integrantes do Legislativo nacional, em Quito.

O mandato de Noboa será de 17 meses, concluindo o termo de seu antecessor Guillermo Lasso, que dissolvera o Parlamento e antecipara as eleições para evitar um impeachment que se mostrava provável —a medida, constitucional, é conhecida no país como "morte cruzada".

Analistas avaliam como difícil o caminho de Noboa para enfrentar os desafios do país durante seu curto mandato —ele poderá concorrer à reeleição em 2025.

"Não podemos continuar repetindo as mesmas políticas do passado esperando ter um resultado diferente", disse o presidente. "Convido a todos a trabalhar juntos contra os inimigos comuns da violência e da miséria. O trabalho é difícil e os dias são poucos", afirmou.

Espera-se também que Noboa declare estado de emergência, o que permitirá que ele proponha leis ao Legislativo do país com prazos de aprovação de 30 dias. A medida era usada com frequência por Lasso, seu antecessor, para tentar combater a crise de violência, sem, contudo, resultados práticos positivos.

Além de reforma para criação de empregos e redução do imposto sobre valor agregado sobre materiais de construção, espera-se também uma segunda reforma focada no setor elétrico. O Equador enfrenta cortes planejados de energia devido ao fenômeno climático El Niño, que causou seca e esgotou usinas hidrelétricas, forçando o país a importar energia.

O presidente empossado já fez um giro pelos Estados Unidos e pela Europa para sondar investidores e credores, mas alertou que equilibrará o cumprimento das obrigações relativas à dívida externa do país —em cerca de US$ 47,4 bilhões— com as necessidades dos equatorianos.

Ele também prometeu criar uma nova unidade de inteligência, fornecer armas táticas às forças de segurança e abrigar os criminosos mais perigosos em barcos-prisão.

As mortes violentas no Equador podem ultrapassar 7.000 neste ano, uma taxa de homicídio de 35 para cada 100 mil pessoas, de acordo com um relatório recente do Observatório do Crime Organizado Equatoriano. Na semana passada, Noboa fechou acordo para uma coalizão com o Partido Social Cristão, conservador, e a Revolução Cidadã, a legenda do ex-presidente esquerdista Rafael Correa, o que pode facilitar a aprovação de reformas.

O Equador espera um crescimento do Produto Interno Bruto de 1,5% este ano e de 0,8% em 2024. O trabalho informal representa mais de 50% da economia, de acordo com dados oficiais.

O presidente eleito é filho do "magnata das bananas" Álvaro Noboa, empresário e político que já concorreu ao cargo cinco vezes, três delas contra Correa. Noboa herdou do pai ao menos duas empresas em paraíso fiscal, o que é proibido pela lei equatoriana, mas isso não o impediu de competir e ser eleito.

Este será o terceiro governo seguido de direita ou centro-direita no Equador, depois dos dez anos de correísmo. Antes vieram Lenín Moreno (2017-2021) —que foi vice de Correa porém rompeu a relação logo após chegar à Presidência— e o atual presidente e ex-banqueiro Guillermo Lasso.

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