Egito retoma listas de estrangeiros para sair de Gaza; Brasil segue fora

Após passar dois dias fechada, fronteira em Rafah foi reaberta de forma limitada

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São Paulo

O governo do Egito retomou nesta terça (7) a divulgação de uma lista com cidadãos estrangeiros e com dupla nacionalidade autorizados a deixar a Faixa de Gaza, território comandado pelo grupo terrorista palestino Hamas sob ataque de Israel há um mês.

A nova leva de autorizações inclui cidadãos da Alemanha (159), Romênia (104), Ucrânia (102), Canadá (80), França (61), Moldova (51), Filipinas (46) e Reino Unido (2). O Brasil, que tem 34 pessoas sob sua responsabilidade esperando para sair, não foi novamente contemplado, segundo o embaixador Alessandro Candeas, do Escritório de Representação na Cisjordânia.

Crianças palestinas correm para longe de área atingida por Israel em Rafah, na fronteira com o Egito
Crianças palestinas correm para longe de área atingida por Israel em Rafah, na fronteira com o Egito - Mohammed Abed - 6.nov.2023/AFP

O brasileiro Hasan Rabee, 30, que está em Gaza desde o começo da guerra, afirmou nas redes sociais ter sido avisado de que há uma "grande chance" do grupo brasileiro atravessar a fronteira com o Egito nesta quarta-feira (8).

A informação foi reiterada pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), a jornalistas em Brasília. "Acho que agora está batido o martelo", afirmou o político, que disse ter sido avisado do fato pela diplomacia nacional.

Na sexta-feira passada, o chanceler israelense, Eli Cohen, havia dito ao seu par brasileiro, Mauro Vieira, que todos deveriam sair até a data. Só que, no dia seguinte, os egípcios fecharam a passagem de Rafah.

Isso ocorreu devido ao ataque de Israel a um comboio de ambulâncias que deixava um hospital da capital homônima de Gaza rumo ao Egito, transportando feridos mais graves dos bombardeios de Tel Aviv contra o Hamas.

Israel diz que informações de inteligência apontavam a presença de terroristas nas ambulâncias. Esse tipo de ataque é, contudo, condenado no direito humanitário internacional. Além disso, o Hamas afirma que civis morreram na ação.

Os pacientes, assim como cidadãos egípcios ainda na faixa, também foram incluídos no acordo mediado por Estados Unidos e Qatar, interlocutor do Hamas, na semana passada. A diferença é que os palestinos, uma vez tratados, terão de voltar a Gaza.

O governo no Cairo disse que não poderia permitir as saídas enquanto houvesse risco para os feridos. Em nova negociação, os comboios de ambulância agora são organizados pelo Crescente Vermelho/Cruz Vermelha, com acompanhamento da ONU.

As saídas foram retomadas, de forma ainda limitada, na segunda (6). Naquele dia, apenas estrangeiros que já tinham o nome nas listas egípcias das quatro primeiras levas tiveram aval para seguir em frente. Agora, a lista diária voltou.

Da quarta (1º) até o sábado (4), foram autorizadas a deixar Gaza cerca de 2.700 pessoas, além de mais de cem feridos. O país mais favorecido foi os EUA, que tinham o maior contingente estrangeiro na região, talvez 1.200 das 7.500 pessoas elegíveis. Muitos não saíram, dada a morosidade do processamento na fronteira.

Para sair, é preciso autorização do Egito, o destino; de Israel, que quer monitorar a evasão de terroristas; dos EUA e do Qatar. O processo é tortuoso, o que leva a questionamentos no Brasil acerca da demora, em particular pelo fato de o país ter boas relações com todos os lados envolvidos.

Teorias conspiratórias à parte —e elas abundam—, há a frustração das 34 pessoas divididas entre Rafah e a cidade de Khan Yunis, distante 10 km da fronteira. Os bombardeios lá seguem diários, ainda que o foco da guerra seja no segmento norte da Faixa de Gaza, sob cerco terrestre israelense.

Além deles, o Itamaraty já repatriou 1.410 brasileiros e 3 bolivianos de Israel, além de 32 brasileiros que moravam na Cisjordânia, onde a violência é crescente.

A guerra começou há um mês, quando o Hamas disparou o maior ataque terrorista da história de Israel, matando ao menos 1.300 pessoas. A retaliação já provocou mais de 10 mil mortes, segundo a administração de Gaza.

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