Aliados de Milei e de Massa denunciam problemas com cédulas de votação

Oposição diz que havia 'boletas' antigas em alguns locais de voto, e governistas citam papéis rasgados, cortados e riscados

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Aliados de ambos os candidatos à Presidência da Argentina denunciaram neste domingo (19) supostos problemas com as cédulas utilizadas na votação do segundo turno.

Enquanto a oposição representada por Javier Milei afirma que eleitores depositaram nas urnas "boletas" antigas, a princípio inválidas, os governistas, aliados de Sergio Massa, dizem ter colhido relatos de papéis cortados e riscados, muitas vezes exatamente no local em que está o número de identificação da chapa.

Mesário em centro de votação em Buenos Aires durante segundo turno das eleições presidenciais da Argentina - Agustin Marcarian/Reuters

Para o partido de Milei, A Liberdade Avança —que tem feito alegações sem evidências de fraudes eleitoral desde o princípio da corrida deste ano—, a maior preocupação é que eleitores tenham usado cédulas remanescentes das Paso, as primárias, para votar neste domingo.

Isso porque, tanto de acordo com a legislação da região administrativa da capital, Caba, quanto da província província de Buenos Aires, as "boletas" válidas no segundo turno seriam aquelas impressas especialmente para a ocasião, com a data de 19 de novembro, ou aquelas do primeiro turno, ocorrido em 22 de outubro.

Representantes da sigla apresentaram um documento ao órgão eleitoral da província de Buenos Aires em que afirmam ter evidências de cédulas das Paso circulando em ao menos quatro centros de votação na região e na província de Chaco e pedem que elas sejam contabilizadas na apuração final.

"Entendemos que é vital [...] que também sejam aprovadas nessas eleições as cédulas das Paso, uma vez que ela expressa a vontade genuína do eleitor", diz o texto, reproduzido pelo jornal argentino La Nación. O documento é assinado, entre outros, por Karina Milei, irmã mais nova do presidenciável ultraliberal e responsável por chefiar sua campanha.

Patricia Bullrich, ex-presidenciável e hoje apoiadora de Milei, também mencionou problemas com as cédulas ao votar, no Rural, em Buenos Aires.

Pessoas consultadas pelo La Nación afirmam que a Junta Eleitoral de Buenos Aires provavelmente não seguirá de maneira estrita as regras e esperará até o fim da contagem dos votos para determinar como proceder. Se o número de "boletas" antigas for considerado alto, elas serão incluídas na contagem; do contrário, serão excluídas da apuração final.

As suspeitas levantadas por Milei acerca da lisura do pleito datam de bem antes do segundo turno e remetem às acusações de fraude eleitoral feitas por Jair Bolsonaro (PL) no Brasil em 2022 e de Donald Trump nos Estados Unidos em 2020.

O argentino já disse, por exemplo, que cédulas roubadas e danificadas lhe custaram mais de 1 milhão de votos nas eleições primárias realizadas em agosto, ou 5% do total. Ainda sugeriu que fraudes semelhantes podem ter manipulado o resultado do primeiro turno, quando ele ficou em segundo lugar, com 30% dos votos. Ele não apresentou provas que sustentem nenhuma das declarações.

Também os aliados de Massa denunciaram problemas com as cédulas no segundo turno. María Teresa García, líder da coalizão governista no Senado da província de Buenos Aires, afirmou ao jornal Página 12 ter ouvido relatos de cédulas "rasgadas, cortadas ao meio ou no canto em que fica o número da lista [dos candidatos] ou riscadas, em um movimento que parece organizado".

A denúncia foi ecoada pela mulher de Sergio Massa, Malena Galmarini, ao ir votar ao seu lado em Tigre, reduto eleitoral do peronista. "Fomos acusados de fraude, e aqueles que tentam romper a transparência desse processo democrático são precisamente aqueles que nos acusaram", disse, referindo-se às insinuações de fraude eleitoral da campanha de Milei.

Pouco antes do fim da votação, a União pela Pátria, chapa pela qual Sergio Massa concorre, submeteu à Câmara Nacional Eleitoral um pedido para que ela retificasse que os votos em cédulas danificadas ou com números não equivalentes àquele da coalizão seriam ainda assim considerados válidos. O órgão concordou com o requerimento.

Depois de experimentos mal sucedidos com urnas eletrônicas nas primárias, a eleição do segundo turno utilizou apenas cédulas de papel. O formato delas remete àquele dos "santinhos" de propaganda eleitoral brasileiros.

Cédulas oficiais de Javier Milei e Sergio Massa para o segundo turno das eleições presidencias da Argentina de 2023 - Câmara Nacional Eleitoral (CNE)

Após se identificarem aos mesários, assim, os eleitores nessa etapa recebem um envelope vazio e vão para uma cabine, a "sala escura". Lá, optam por uma opção de "boleta" e depositam o envelope com o papel escolhido na urna.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.