Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Sobrevivente de ataques do Hamas diz que escapou porque um dos terroristas teve pena dela

May Hayat estava na Universo Paralello, festival de música atacado por grupo islâmico em Israel há um mês

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Leonardo Benassatto Michal Yaakov Itzhaki
Re'im | Reuters

Lágrimas encheram os olhos de May Hayat, 30, quando ela retornou ao local da Universo Paralello, festival de música eletrônica atacado pelo grupo terrorista Hamas há um mês.

Ela trabalhava como bartender no evento que ocorria perto do kibbutz Re'im, em Israel, a poucos quilômetros da cerca de segurança da Faixa de Gaza e um dos pontos do atentado de 7 de outubro. O grupo terrorista islâmico matou 260 frequentadores do festival, além de fazer reféns no evento. Ao todo, foram cerca de 1.400 mortos e 200 sequestrados naquele dia.

Barman e sobrevivente do Festival Universo Paralello, May Hayat é entrevistada durante visita ao local do ataque de 7 de outubro, no sul de Israel - Evelyn Hockstein - 6.nov.2023/Reuters

Na última segunda-feira (6), Hayat, que mora em Tel Aviv, retornou ao local pela primeira vez na esperança de que a atitude a ajudasse a lidar com o trauma e desbloqueasse as lágrimas que, segundo ela, só caíram uma vez no último mês.

O cenário do festival estava drasticamente diferente em relação ao dia do ataque, depois que todos os corpos das vítimas e grande parte dos destroços foram removidos do local. De volta ao palco da chacina, Hayat se assustou a cada vez que ouviu um barulho alto e chegou a se deitar no chão para se proteger do que parecia ser um disparo de foguete vindo de Gaza em determinado momento.

Hayat conta que o Hamas começou a lançar foguetes no dia 7 de outubro por volta das 6h30, quando os jovens ainda dançavam na festa. Os disparos com armas começaram quando os combatentes do Hamas chegaram ao festival —alguns a pé, outros de moto.

Ela e um homem conseguiram se esconder em um buraco, mas foram descobertos pelos terroristas. "Naquele momento, eu estava simplesmente conversando com Deus. 'Não há mais nada que eu possa fazer, está em suas mãos agora', eu pensava. Achei que eles me estuprariam", diz ela.

O homem que estava com ela foi morto a tiros, mas Hayat conseguiu escapar, segundo ela porque um dos dois atiradores que a seguravam teve pena dela. "Ele simplesmente me disse para ir embora enquanto o outro terrorista discutia com ele, dizendo que queria me matar. Pude ver como eles estavam brigando sobre se me matariam ou não e fugi", conta.

Então, ela se escondeu debaixo de um palco. "Enquanto eu estava deitada, vi que eles estavam atirando nas pessoas para se certificar de que estavam todas mortas", disse ela. "Então eu peguei o sangue do corpo que estava ao meu lado —eles atiraram na cabeça dele—, esfreguei no meu rosto e simplesmente fiquei quieta para parecer morta."

Hayat visita o bar onde trabalhava quando ocorreu o ataque - Evelyn Hockstein - 6.nov.2023/Reuters

Seu sofrimento terminou horas depois, quando soldados israelenses chegaram. "Levei alguns minutos para entender que era o Exército que eu estava ouvindo chegar. Então gritei pedindo ajuda e eles vieram me resgatar", disse.

Hayat contesta a ideia de que o Hamas é uma organização que age em autodefesa. "Eles são terroristas, querem nos matar. Eles também mataram árabes israelenses aqui. Todos que vivem em Israel são alvos."

"Em algum momento, eles chegarão a outros países", acrescentou. "Espero que você acorde antes que isso chegue até você."

Hayat é uma das muitas israelenses que estão lutando para lidar com os eventos de 7 de outubro que desencadearam uma guerra para eliminar o Hamas, que controla a Faixa de Gaza. Desde então, os ataques israelenses no território palestino mataram mais de 10 mil pessoas, cerca de 40% delas crianças, segundo cálculos das autoridades locais.

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