Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Tanques de Israel deixam Faixa de Gaza após início de trégua com Hamas

Até a manhã desta sexta não haviam sido relatados bombardeios ou ataques significativos com foguetes

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São Paulo

Um comboio de tanques e outros veículos blindados de Israel deixou a Faixa de Gaza e atravessou a fronteira israelense nesta sexta-feira (24), horas após a entrada em vigor do acordo que estabelece o primeiro cessar-fogo na guerra com o Hamas, segundo relatos da agência de notícias Reuters.

A trégua de quatro dias começou às 7h no horário local (2h em Brasília) desta sexta. O tratado ainda prevê a libertação de 50 reféns mantidos em Gaza pela facção terrorista —os primeiros 24 foram soltos às 16 horas locais (11h em Brasília)—, além da soltura de 150 prisioneiros palestinos em território israelense. Tratam-se dos primeiros sinais de distensão após semanas de guerra, iniciada em 7 de outubro.

Comboio de tanques e outros blindados cruza fronteira com Israel após início de trégua
Comboio de tanques e outros blindados cruza fronteira com Israel após início de trégua - Amir Cohen - 24.nov.23/Reuters

O acordo foi mediado pelo Qatar e anunciado na quarta-feira (22). A depender de avanço nas negociações e do cumprimento do tratado, a trégua poderá ser prorrogada, e mais reféns poderão ser soltos.

Até a manhã desta sexta não haviam sido relatados bombardeios ou ataques significativos com foguetes, embora o Hamas e os militares de Israel tenham acusado "violações esporádicas". Em cidades ao sul de Gaza, que abriga milhares de famílias deslocadas da região norte, as ruas foram tomadas por civis.

No céu, aviões israelenses haviam cessado os bombardeios, mas lançaram panfletos com mensagens de advertência. "A guerra não acabou. […] Retornar ao norte é proibido e é muito perigoso", diz o material.

Ainda no começo da guerra, Israel fez um ultimato antes de iniciar uma operação terrestre para que todos os palestinos vivendo na região norte de Gaza se deslocassem para o sul —cerca de 1,1 milhão de pessoas moravam na área indicada. O deslocamento em massa agravou a crise humanitária no território.

Já com a trégua em vigor, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) mataram ao menos dois palestinos em Gaza. Segundo a agência de notícias Associated Press, os militares dispararam após o início de um tumulto formado quando um grupo de 15 pessoas tentou atravessar o ponto que divide o território em dois desde o mês passado, indo do sul para o norte, foco da ação israelense ora pausada. Outras 11 pessoas teriam ficado feridas. As IDF não se manifestaram sobre o episódio.

Em Israel, quinze minutos após o início da trégua, as sirenes de alerta antiaéreo foram ativadas em ao menos dois vilarejos próximos à fronteira com Gaza. Não houve, porém, relato de danos. Já no balneário de Eilat, também ao sul, os militares alertaram para um possível ataque de longo alcance vindo do Iêmen, onde rebeldes houthis declararam apoio ao Hamas.

Lideranças da facção reforçaram nesta sexta "uma paralisação total das atividades militares" por quatro dias, durante a qual 50 reféns serão liberados. Para cada um deles, "três presos palestinos" serão soltos, acrescentaram. Israel divulgou uma lista com nomes de 300 palestinos (33 mulheres e 267 menores de 19 anos) considerados aptos a serem libertados. Entre eles, há 49 integrantes da facção terrorista.

Em mensagem de vídeo, Abu Ubaida, porta-voz do Hamas, sublinhou que se trata de uma "trégua temporária" e apelou para uma "escalada do confronto em todas as frentes de resistência", incluindo na Cisjordânia ocupada.

A trégua e a libertação de reféns e prisioneiros serão monitorados de Doha, capital do Qatar. O país foi o principal articulador do acordo, que contou ainda com as participações dos Estados Unidos e do Egito, e mantém linhas diretas de comunicação com Israel, lideranças políticas do Hamas e a Cruz Vermelha.

As hostilidades persistiram até o último momento. Duas horas antes do início da trégua, o Hamas acusou Israel de atacar o hospital Indonésio, no norte de Gaza, onde há cerca de 200 pacientes.

Uma autoridade do Egito disse à agência AFP que delegações do país iriam a Jerusalém, em Israel, e Ramallah, na Cisjordânia, para garantir o "respeito à lista" de presos palestinos liberados. Ao mesmo tempo, funcionários de segurança israelenses, acompanhados de equipes do Crescente Vermelho, foram mobilizados do lado egípcio da passagem de Rafah para receber os reféns liberados em Gaza.

Também à AFP uma autoridade do Hamas disse que a entrega dos reféns será feita "secretamente, longe da imprensa". Nos três dias seguintes —período em que a trégua segue em vigor— mais três grupos formados por de 12 a 13 mulheres e menores de 19 anos devem libertados, cada um em um dia diferente.

O plano é que os reféns mantidos em Gaza sejam primeiro entregues ao Crescente Vermelho, versão para o mundo islâmico da Cruz Vermelha, e então encaminhados para as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) para que sejam devolvidos às suas famílias.

Assim, espera-se que, ao fim do cessar-fogo de quatro dias, tenham sido libertadas ao menos 50 do total de 240 pessoas sequestradas pelo Hamas em sua incursão brutal ao território israelense de 7 de outubro, que deixou 1.200 mortos e serviu de estopim para o atual conflito. As ofensivas israelenses, em resposta, já mataram 14.854 palestinos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.

Com Reuters e AFP

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