Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Ucrânia estuda reformar alistamento e convocar até 500 mil novos soldados

Ministro da Defesa diz que recrutamento deve parar de ser demonizado e que desmobilização não está no horizonte

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São Paulo

A dois meses de a Guerra da Ucrânia completar dois anos de duração, Kiev se prepara para, nos próximos dias, anunciar uma nova reforma em suas regras de recrutamento militar obrigatório, afirmou neste domingo (24) o ministro da Defesa Rustem Umerov.

O ministro de Defesa da Ucrânia, Rustem Umerov, durante encontro com o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, no Pentágono, no estado americano da Virgínia
O ministro de Defesa da Ucrânia, Rustem Umerov, durante encontro com o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, no Pentágono, no estado americano da Virgínia - Samuel Corum - 6.dez.23/Getty Images via AFP

Segundo ele, o tema tem sido debatido entre as forças de segurança, os ministros de Volodimir Zelenski e o Parlamento, o Rada, arduamente ao longo dos últimos dias. Há uma semana, o líder ucraniano afirmou que os militares têm pedido a ele que entre 450 mil e 500 mil novos soldados sejam convocados para lutar contra Moscou.

Zelenski disse que Umerov tinha sido um dos responsáveis por colocar a proposta na mesa e que, por se tratar de uma cifra muito expressiva, ele teria de compreender todos os argumentos para sustentá-la.

Umerov não confirmou esses números, mas, em longa entrevista à rede de televisão Suspilne publicada no domingo, afirmou que o projeto de lei que será apresentado visa fazer com que a população de seu país "pare de demonizar" o recrutamento. "Em nosso país, infelizmente, entende-se que servir a pátria é uma espécie de castigo", disse ele. "Mas, para mim, é uma honra. Essa visão precisa ser mudada."

O veículo questionou o ministro sobre as reformas inclusas no projeto. Ele não as confirmou, mas deu a entender que o país pode começar a recrutar homens a partir dos 25 anos de idade, e não mais dos 27. Também não comentou a possibilidade de recrutamento parcial das mulheres.

"Temos 3.500 quilômetros de linha de frente que temos de defender. Só podemos falar em uma desmobilização depois que a guerra acabar", afirmou quando questionado sobre a possibilidade de desmobilizar tropas que já estão há meses em campo contra Moscou.

Rustem Umerov falava na ocasião de cem dias de sua gestão à frente da pasta da Defesa. Ex-deputado com origem política na Crimeia anexada pela Rússia em 2014 e ex-chefe do fundo de privatizações ucraniano, ele participou das fracassadas negociações de paz entre Moscou e Kiev logo após o início da guerra. O político assumiu o ministério após a demissão de seu antecessor, Oleksii Reznikov, depois de um grande escândalo de corrupção envolvendo o alistamento militar ucraniano.

Todos os chefes regionais responsáveis pelo setor foram demitidos por vender isenção do serviço. Também por isso Umerov vem sendo cobrado sobre esse tema, e há ampla expectativa sobre anúncios na área.

Nesta segunda-feira (25), a Rússia alegou ter tomado a região de Marinka, no leste ucraniano. Pouco depois, porém, Kiev questionou a afirmação dizendo que suas tropas ainda operam no centro da cidade e que, portanto, a conquista não seria verdadeira.

Os militares da Ucrânia ficaram muito aquém dos seus objetivos em uma contraofensiva durante o verão no país, de junho a agosto, mas Zelenski insiste que reforçou as suas defesas aéreas com ajuda de parceiros internacionais, em especial os Estados Unidos, e que obteve sucessos navais no mar Negro.

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