Cadela ajuda socorristas a encontrar sobreviventes de terremoto no Japão

Esforços tornam-se cada vez mais urgentes diante de cifra de mais de 200 desaparecidos após sismo

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Tomohiro Osaki
Wajima (Japão) | AFP

A cadela Elsa é descrita por seu treinador como "a melhor do oeste do Japão". Ela é um dos cães de resgate que vêm trabalhando ao lado de soldados e equipes de emergência na busca por sobreviventes do terremoto que atingiu o país asiático horas após o Ano-Novo.

A cadela Elsa e bombeiros realizam operação de busca em meio a ruínas de casa destruída por terremoto em Wajima, na província de Ishikawa, no Japão - Kazuhiro Nogi - 4.jan.23/AFP

Movendo-se habilmente entre telhas soltas e vigas de madeira, Elsa fareja os destroços de uma casa em ruínas em Wajima, cidade costeira que foi uma das mais afetadas pelo sismo de magnitude 7,6. Ela, os militares e os socorristas buscavam uma idosa que, segundo indícios, está presa sob os escombros de sua casa.

"Por favor, Elsa, por favor, encontre-a", implorava alguém entre uma multidão de vizinhos que observam os esforços da cadela de pelagem preta e orelhas pontiagudas.

O animal foi trazido a Wajima por Yasuhiro Morita, que administra um centro de treinamento de cães de resgate situado a cerca de 500 km dali, na região de Tottori.

"Ela foi treinada para latir quando encontra um cadáver", disse Morita à reportagem. "Mas hoje apenas rondou a multidão, o que provavelmente significa que não há nenhum morto no local", declarou.

Elsa não é o único cão envolvido nas operações de resgate. O ministro da Defesa japonês anunciou que outra cadela de resgate, Jennifer, foi a responsável por encontrar uma idosa viva, presa sob os escombros.

Os danos são enormes em Wajima e em outras partes da província de Ishikawa, localizada na costa do mar do Japão.

Réplicas do terremoto inicial continuam a sacudir a região desde o sismo de segunda-feira (1º), responsável ainda por deslizamentos de terra, um tsunami com ondas de mais de um metro de altura e um grande incêndio.

Números divulgados nesta sexta (5) pelas autoridades confirmavam 94 mortes em decorrência dos tremores —222 pessoas seguiam desaparecidas.

Além disso, água e comida são escassas. "Suponho que já estejam a caminho", diz, confiante, o morador de Wajima Hiroyuki Hamatani, 53.

‘Por favor, responda!’

Os túneis nos arredores da cidade, que tem cerca de 23 mil habitantes, estão parcialmente bloqueados por rochas. Casas em ruínas podem ser vistas ao longo da estrada, e destroços e neve invadiram a via.

Aqueles que chegam a Wajima se deparam com imagens ainda mais impactantes. O que antes era um imponente edifício de sete andares agora está na horizontal, e postes de eletricidade caídos bloqueiam o tráfego em uma rua.

"Tem alguém aí? Por favor, responda!", grita um soldado enquanto sua equipe procura outro morador desaparecido em meio às ruínas de uma casa.

O terremoto ainda provocou um enorme incêndio na área em que uma feira costumava ser montada, resultando em cerca de 200 estruturas reduzidas a pó.

Um homem de 80 anos que não quis se identificar olhava com tristeza os destroços. "Vim ver como estão meus parentes, mas ainda não consegui fazer isso", diz ele. "Isso é terrível, terrível", suspira. "É como se tivesse havido uma guerra."

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