Descrição de chapéu terrorismo guerra israel-hamas

Dia em Memória do Holocausto em SP condena antissemitismo e atentado do Hamas

Presidente da Conib, Lottenberg chamou Genoino de antissemita e fez críticas ao governo brasileiro

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O crescimento do antissemitismo e os ataques do Hamas contra Israel foram condenados pelos líderes da comunidade judaica brasileira, neste domingo (28), em evento do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

O ato foi organizado pela Confederação Israelita do Brasil (Conib), pela Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) e pela Congregação Israelita Paulista (CIP).

Neste ano, a cerimônia também homenageou as vítimas do atentado praticado pela facção terrorista Hamas em 7 de outubro do ano passado —sete velas, em vez de seis como é a tradição, foram acesas.

Vela é acesa em homenagem aos sobreviventes do Holocausto na sinagoga da Congregação Israelita Paulista - Zanone Fraissat/Folhapress

Estiveram presentes várias autoridades diplomáticas e políticas, como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), além de secretários e deputados. Tarcísio e Nunes classificaram o Hamas como terroristas, e o governador afirmou que vai garantir a segurança da comunidade judaica em São Paulo.

O presidente da Conib, Claudio Lottenberg, comparou o antissemitismo ao negacionismo e chamou o petista José Genoino de antissemita.

No último dia 20, Genoino participou de um programa no YouTube do site de esquerda Diário do Centro do Mundo. Nele, defendeu o boicote a empresas de judeus pelo Brasil quando questionado sobre o apoio dado no início do ano pelo presidente Lula (PT) à denúncia apresentada pela África do Sul à Corte Internacional de Justiça por suposto genocídio de Israel na guerra contra o Hamas.

Lottenberg afirmou ainda que "o antissemitismo cresce a galope", pediu a libertação dos reféns do Hamas e fez críticas à diplomacia e ao governo brasileiro.

"O Holocausto nos atingiu fortemente e não precisamos receber lições de moral para distinguir entre terroristas e cidadãos e muito menos de mancomunados democratas sentados na cadeira de couro de Haia liderados pela África do Sul", disse Lottenberg.

"Esperamos que o governo brasileiro [...] se posicione de forma clara a favor da democracia e da verdade. As alianças oportunistas com ditaduras, a omissão ou convivência e conivência com movimentos terroristas são uma afronta à tradição brasileira de respeito às diferenças. Não podemos nos calar diante do oportunismo eleitoral e da ignorância causada pela radicalização política. O que ocorre no Oriente Médio nada tem a ver com a esquerda ou com a direita", completou.

Em entrevista à imprensa após o evento, Lottenberg afirmou que mandou convites para Lula e para o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, mas eles não responderam nem enviaram representantes, algo que classificou como "ruim".

O presidente da Conib disse estar "frustrado" com a posição do Brasil, mencionando especialmente o apoio brasileiro à denúncia da África do Sul em Haia.

"Entendo eu que o Brasil deveria, talvez, se posicionar de uma forma diferente. Até por uma questão de coerência. [...] O Brasil sempre teve uma posição bastante equilibrada, tentando criar, inclusive, espaços para poder conciliar. Dessa vez, não é o que está acontecendo".

Ele voltou a mencionar a declaração de Genoino, ressaltando que o petista chegou a ser defendido por ministros de Lula no sábado (27).

"Não é só o governo que fica praticamente passivo e, no fundo, até apoiando, e a gente viu isso na questão da África do Sul, mas a gente vê manifestações antissemitas. É frustrante ver líderes da envergadura daqueles que ocupam hoje o Poder Executivo, e eles não se sensibilizarem", completou.

Rafael Erdreich, cônsul de Israel em São Paulo, afirmou que o ataque do Hamas foi "o mais sangrento pogrom desde a Segunda Guerra" e que o grupo terrorista tinha a intenção de aniquilar o povo judeu, assim como os nazistas.

O presidente da Fisesp, Marcos Knobel, afirmou que "se pudessem, os terroristas do Hamas teriam acabado com o Estado de Israel e a população judaica mundial".

"Onde está a tradição equilibrada da diplomacia brasileira? Onde está a palavra de conforto e apoio do governo federal para nossa comunidade?", questionou.

Onze sobreviventes do Holocausto participaram da cerimônia, entre eles a polonesa Sarah Lewin, 98, que se apresentou no piano. Mulheres da comunidade usaram um vestido que trazia o nome dos 136 reféns israelenses que ainda estão em poder do Hamas.

Ainda no evento, a Conib lançou uma plataforma online de monitoramento para combater o antissemitismo e o discurso de ódio contra judeus.

Estabelecido pela ONU em 2005, o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto ocorre em 27 de janeiro, data na qual, em 1945, foram libertados os prisioneiros de Auschwitz, maior campo de extermínio nazista.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.