Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Irã promete responder a qualquer ameaça dos EUA após morte de militares americanos

Joe Biden diz já ter decidido qual será a retaliação à ofensiva que atingiu base de seu país na Jordânia

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São Paulo

O regime do Irã reiterou nesta quarta-feira (31) a promessa de responder a qualquer ameaça contra o país feita pelos Estados Unidos. Washington acusa Teerã de apoiar os responsáveis pelo ataque que matou três militares americanos e deixou ao menos outros 40 feridos no nordeste da Jordânia.

"Estamos ouvindo por aí ameaças vindas de autoridades dos EUA. Respondemos a elas dizendo que os americanos já nos testaram, e agora já nos conhecemos. Nenhuma ameaça ficará sem resposta", afirmou o chefe da Guarda Revolucionária iraniana, Hossein Salami, segundo a agência de notícias Tasnim.

Hossein Salami, chefe da Guarda Revolucionária do Irã, discursa na capital do país, Teerã
Hossein Salami, chefe da Guarda Revolucionária do Irã, discursa na capital do país, Teerã - 17.dez.23/AFP

A declaração reverbera o momento de tensão entre os países no contexto da guerra entre Israel e Hamas. Enquanto os EUA são os maiores aliados de Tel Aviv, o Irã financia o grupo terrorista palestino. A morte dos americanos, no sábado (27), marcou as primeiras baixas de Washington no Oriente Médio desde o início do conflito, intensificando a crise.

O presidente Joe Biden responsabilizou grupos apoiados por Teerã pelo ataque do sábado e prometeu retaliação. Em campanha na Flórida, o democrata disse nesta terça (30) que já havia decidido qual seria a resposta ao incidente na Jordânia e que não buscava uma guerra mais ampla no Oriente Médio. Em comunicado, porém, a Casa Branca informou, sem entrar em detalhes, que a represália provavelmente envolverá "múltiplas ações".

Segundo Pat Ryde, porta-voz do Pentágono, informações da inteligência mostram que a ofensiva contra os americanos teve as "impressões digitais" do Kataib Hezbollah, grupo paramilitar xiita que busca estabelecer no Iraque um regime alinhado com o Irã e é bancado pela república islâmica.

O Irã nega ter tido qualquer participação na ofensiva contra os americanos, embora o regime financie o Hamas e outros inimigos dos EUA no Oriente Médio. Entre eles estão os houthis, do Iêmen, que passaram a atacar embarcações, inclusive americanas, no mar Vermelho desde novembro passado, segundo os rebeldes em apoio ao grupo palestino.

Teerã tem evitado um confronto direto com os americanos, que chegaram a enviar porta-aviões à região em esforço para coibir novas ofensivas contra Israel. Na segunda (29), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano Nasser Kanaani disse que os ditos "grupos de resistência" —alguns dos quais são considerados terroristas por parte da comunidade internacional— não recebem ordens do regime.

Ainda assim, autoridades iranianas vêm manifestando preocupação ante a possibilidade de embates com forças americanas. O enviado do Irã às Nações Unidas, Amir Saeid Iravani, ecoou as declarações de Hossein Salami, o chefe da Guarda Revolucionária, nesta quarta. Ele reforçou que Teerã responderia "de forma decisiva" a qualquer ataque contra o território, interesses ou cidadãos de seu país.

As mortes na Jordânia viraram munição para os opositores de Biden, que consideram o ocorrido uma evidência do fracasso do presidente democrata em confrontar o Irã.

Desde o início do conflito em Gaza, as forças dos EUA foram atacadas mais de 150 vezes por grupos apoiados pelo Irã no Iraque e na Síria, e antes da ofensiva de sábado, 70 pessoas já tinham sido feridas —a maioria sofreu lesões cerebrais. Ao mesmo tempo, vários integrantes da Guarda Revolucionária iraniana foram mortos em ataques atribuídos a Israel na Síria.

Embates entre os países aconteciam antes mesmo da guerra entre Israel e Hamas. Em janeiro de 2020, por exemplo, militares da Guarda Revolucionária atacaram a base americana de Ain al-Asad, no Iraque, após uma ofensiva com drones dos EUA em Bagdá matar o general Qassem Soleimani, comandante da força Quds, braço de elite da Guarda Revolucionária do Irã.

Com Reuters e AFP

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