Descrição de chapéu Itamaraty Equador

Itamaraty exige que embaixador do Brasil no Equador interrompa férias e volte a Quito

OUTRO LADO: Diplomata nega que não tenha mantido contato com missão e afirma ter falado com subordinados diariamente

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Brasília

O ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) determinou que o embaixador do Brasil em Quito, Pompeu Andreucci Neto, interrompa suas férias e retorne ao posto.

O Equador enfrenta uma onda de criminalidade e está sob estado de exceção desde o início da semana. Mas relatos no Itamaraty indicam que o diplomata nem sequer entrou em contato com a representação brasileira em Quito no ápice na crise, quando um brasileiro chegou a ser sequestrado.

Procurado pela Folha, Andreucci negou as informações de que não teria mantido contato com a missão, acrescentando que falou diariamente com seus subordinados ao longo da semana. Ele chegou a Quito nesta sexta-feira (12).

"Estamos acompanhando com muita atenção, todos. Acompanhamos isso diariamente, estamos nos dispondo a apoiar e esperamos que a situação de fato se normalize. Isso acontece com frequência [suspender férias], diplomata trabalha 24h e sabe que, quando é necessário, interrompe-se o que se estava fazendo. É absolutamente normal", disse o embaixador.

Integrantes do Exército equatoriano fazem revista em pessoas na rua, em um bairro no norte de Quito. - 12.01.202/AFP

Diplomata de carreira, Andreucci Neto já atuou como embaixador na Espanha e foi conselheiro nos Estados Unidos. Em Brasília, foi chefe do cerimonial da Presidência da República durante o mandato de Michel Temer (MDB), entre 2016 e 2018. Antes disso, foi o principal assessor diplomático do emedebista na vice-presidência, antes do impeachment de Dilma Rousseff (PT).

A avaliação dentro do Itamaraty é de que o pior da crise já passou, com o país tentando retomar alguma normalidade dentro do possível. Como as causas do problema de segurança pública do Equador são estruturais e vêm de anos, contudo, não se pode descartar um novo agravamento da situação —segundo os diplomatas, a nação sul-americana já era um caldeirão em ebulição.

A crise no Equador foi abordada pelo presidente Lula (PT), Vieira e o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, na quarta-feira (10).

Na véspera, terça-feira (9), o Itamaraty havia divulgado nota afirmando ter recebido a denúncia do sequestro de um brasileiro, Thiago Allan Freitas, em Guayaquil, e estar acompanhando a situação de perto. Freitas foi resgatado pela polícia equatoriana no final do mesmo dia.

Enquanto isso, o Brasil realizou uma série de ações oficiais em solidariedade à população e ao governo do Equador junto a outros países da região. Ele subscreveu, por exemplo, declaração do Consenso de Brasília emitida durante a semana na qual seus 12 países-membros se comprometiam a unir "esforços para combater de forma coordenada esse flagelo que afeta toda a região" —uma referência ao narcotráfico.

Também aderiu a nota do Mercosul —bloco de integração econômica formado ainda por Argentina, Paraguai e Uruguai— que condenava a explosão da violência na nação próxima e afirmava respaldar, "de forma irrestrita, a institucionalidade democrática do Equador no marco do respeito aos direitos humanos".

Por fim, a Polícia Federal (PF) brasileira também se disponibilizou para ajudar no que for possível.

A resposta do governo equatoriano à crise tem sido dura: o presidente Daniel Noboa declarou "conflito armado interno" no país, dando mais poderes às Forças Armadas; classificou de terroristas mais de 20 grupos, convertendo-os em "objetivo militar"; e disse que começaria a deportar presos estrangeiros, oriundos em sua maioria da Colômbia, do Peru e da Venezuela.

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