Descrição de chapéu Equador América Latina

Traficante que disparou crise no Equador ao fugir de prisão pode estar na Colômbia

Adolfo Macías, mais conhecido como Fito, é líder dos Choneros, uma das principais facções equatorianas

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Quito | AFP

Autoridades da Colômbia suspeitam que o narcotraficante Adolfo Macías entrou em seu território após fugir de uma prisão no Equador —país assolado por uma onda de violência que deixou ao menos 16 mortos nos últimos cinco dias. Fito, como o criminoso é conhecido, é chefe de uma das principais gangues equatorianas, Los Choneros.

Em entrevista à W Radio nesta sexta-feira (12), o comandante das Forças Militares da Colômbia, Helder Giraldo, disse ser possível que Fito tenha atravessado a fronteira. "Há 20 fugitivos [das prisões equatorianas] aos quais estamos muito atentos", disse o comandante militar, acrescentando que o poderoso contrabandista está na lista.

Adolfo Macías, também conhecido como Fito, é escoltado ao ser transferido para presídio de segurança máxima em agosto de 2023 - Forças Armadas do Equador - 12.ago.2023/via AFP

A crise de segurança no Equador já dura mais de cinco anos, mas ganhou novas proporções nesta semana. A escalada começou no último domingo (7), quando a polícia entrou na Prisão Regional de Guayaquil e não encontrou Fito, líder da facção Los Choneros, em sua cela.

O governo declarou estado de exceção, mobilizou tropas e lançou uma ofensiva severa contra o narcotraficante, o que foi respondido com violência pelas gangues da nação —houve motins nas prisões, sequestro de 178 funcionários do sistema penitenciário e explosões de carros-bomba e tiroteios nas ruas.

Em seguida, na terça (9), o presidente, Daniel Noboa, declarou um "conflito armado interno" contra 22 facções que, juntas, abarcariam cerca de 20 mil membros segundo o governo equatoriano. De acordo com a imprensa local, as gangues operam no país em aliança com cartéis mexicanos e colombianos.

Vizinha do Equador e maior produtor mundial de cocaína, a Colômbia acompanha a crise de perto. Para Giraldo, "existe uma alta probabilidade" de que a onda de violência no Equador "deteriore as condições de segurança na fronteira com a Colômbia". A zona fronteiriça foi militarizada na quarta-feira (10) para evitar a passagem de criminosos.

Por muitos anos, o Equador ficou ileso à atuação de grandes organizações criminosas. O cenário mudou a partir de 2019, quando o país se tornou um elemento chave do tráfico de drogas para os Estados Unidos e a Europa.

Nos últimos cinco anos, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes aumentou de 6 para 46. O conflito interno representa o ponto mais crítico da crise de segurança até agora —algo semelhante ao que ocorreu na Colômbia no século passado.

Há, porém, um ingrediente adicional em relação ao país vizinho na década de 1980. No Equador, os narcotraficantes usam as prisões como escritórios do crime, de onde gerenciam o tráfico de drogas, ordenam assassinatos, administram os lucros e lutam até a morte contra rivais pelo poder.

No meio da atual crise, Noboa anunciou a repatriação de 1.500 colombianos presos para reduzir a superlotação nas cadeias, onde há um excedente de 3.000 pessoas. A medida não foi bem recebida pelo governo de esquerda de Gustavo Petro, que chamou a iniciativa de uma "expulsão em massa" problemática.

Um vídeo gravado na prisão de Machala, no sudoeste do Equador, e cuja autenticidade foi confirmada pela polícia, aumentou os temores nesta sexta. As imagens mostram o cadáver de um preso envolto em plástico sendo lançado na rua a partir do interior da prisão. Circulam também imagens não verificadas de maus-tratos a presos, onde eles são vistos nus, de joelhos ou sendo agredidos a chutes.

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