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Documentos revelados sobre escândalo de Epstein citam Trump, Clinton e Andrew

Juíza retira sigilo de processo, e nomes de mais de 150 pessoas associadas a financista morto em 2019 começam a vir a público

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Boa Vista

Quarenta documentos de um processo vinculado à ex-namorada do financista Jeffrey Epstein, morto em 2019 enquanto aguardava julgamento por tráfico e abuso de menores, tiveram o sigilo derrubado por uma juíza de Nova York em dezembro e começaram a ser revelados nesta quarta-feira (3).

Entre as informações em segredo de justiça estavam os nomes de mais de 150 pessoas associadas a Epstein, citadas em centenas de páginas que compõem esses documentos. Alguns dos nomes mencionados são "Clinton", "Andrew" e "Trump".

O financista Jeffrey Epstein em 2017; acusado de tráfico e abuso de menores, ele morreu na prisão enquanto aguardava julgamento, em 2019
O financista Jeffrey Epstein em 2017; acusado de tráfico e abuso de menores, ele morreu na prisão enquanto aguardava julgamento, em 2019 - Divisão Estadual de Justiça Criminal de Nova York - 28.mar.2017/Reuters

Entre os outros nomes citados estão Michael Jackson, o mágico David Copperfield e o agente de moda francês Jean-Luc Brunel, também morto na prisão enquanto aguardava julgamento por acusações de estupro, em 2022.

Em um dos textos, um email de janeiro de 2015 de Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Epstein e filha de um magnata da mídia britânica, menciona relacionamentos com pessoas nomeadas como "Clinton" e "Andrew", em uma aparente referência ao ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton e ao príncipe Andrew, irmão do rei Charles 3º, do Reino Unido.

A referência a nomes nos documentos não significa que há acusação contra as pessoas citadas ou associação provada delas com Maxwell, Epstein ou outros envolvidos no processo —Maxwell foi condenada em 2021 nos EUA por ajudar o investidor a abusar sexualmente de menores de idade; ela cumpre pena de 20 anos de prisão.

A divulgação das identidades, no entanto, pode incluir nomes de acusados de irregularidades, de acusadores e de potenciais testemunhas de crimes, além de nomes de funcionários de Epstein e de pessoas que visitaram sua casa ou viajaram em seu avião particular.

Os documentos revelados contêm ainda relatórios de polícia e transcrições de entrevistas, mas não traz uma lista de "clientes" da suposta rede de tráfico que Epstein e Maxwell comandariam —hipótese que circulou nas redes sociais antes da divulgação do material.

O processo que contém os nomes é uma ação por difamação movida contra Maxwell por Virginia Giuffre, uma das vítimas do casal. Espera-se que mais documentos se tornem públicos nos próximos dias.

Muitos dos mencionados no processo já foram identificados publicamente pela imprensa ou durante o julgamento de Maxwell, segundo a juíza Loretta Preska, que derrubou o sigilo. Ela afirma que vários deles "não levantaram objeções" à divulgação. Alguns dos nomes da lista permanecerão preservados, incluindo os das vítimas que são menores de idade, disse Preska.

Em depoimento, Johanna Sjoberg, uma das mulheres que acusaram Epstein e Maxwell, afirmou que o príncipe Andrew apalpou seu seio enquanto estava sentado em um sofá no apartamento de Epstein em Manhattan, em 2001. O Palácio de Buckingham classificou as alegações de "categoricamente falsas".

Andrew chegou a pagar milhões a Giuffre para encerrar uma ação judicial que ela moveu contra ele afirmando ter sido abusada sexualmente quando tinha 17 anos. Andrew afirma que nunca a conheceu e nega as acusações. Apesar disso, uma foto que circulou amplamente na imprensa mostra os dois juntos ao lado de Maxwell.

O príncipe Andrew foi destituído da maioria de seus títulos reais devido à sua associação com Epstein. Ele não pôde ser contatado pela agência de notícias Reuters para comentar o assunto.

O depoimento de Sjoberg também cita o ex-presidente dos EUA Donald Trump, embora sem menção a qualquer irregularidade. A vítima alega que Epstein disse a ela que ligaria para o empresário a caminho de Nova Jersey, em 2001. "Ótimo, vamos ligar para Trump", teria dito o financista após os pilotos do avião em que estavam terem avisado que não poderiam pousar em Nova York e, por isso, iriam para Nova Jersey.

No caso de Clinton, que também não é vinculado a irregularidades, seu nome é mencionado em viagens no avião particular de Epstein.

Alguns dos documentos trazem depoimentos de Maxwell confirmando as viagens de Clinton, embora ela não as tenha datado. O ex-presidente americano declarou em 2019 que de fato viajou no jato do financista, episódios nos quais foi acompanhado por trabalhadores e apoiadores da Fundação Clinton, além de funcionários do serviço secreto dos EUA.

Clinton é citado ainda em trecho de outro documento, no qual a defesa de Maxwell tenta desmentir reportagem na qual o ex-presidente teria viajado a uma ilha privada de Epstein. O advogado nega a presença de Clinton na data mencionada pela reportagem e afirma que agentes do serviço secreto que acompanharam Clinton teriam obrigatoriamente que ter apresentado registros da viagem, o que não teria ocorrido.

Quem foi Jeffrey Epstein?

Jeffrey Epstein foi um financista americano que morreu na prisão em 2019. Sua morte, enquanto aguardava julgamento, foi descrita como suicídio por médicos legistas, mas ainda permanece envolvida em polêmica e é alvo de diversas teorias da conspiração que circulam na internet.

Epstein foi acusado de comandar uma "vasta rede" de exploração sexual de menores. Ele sempre se declarou inocente. Uma década antes, Epstein havia sido condenado por solicitação de prostituição de uma menor.

Dezenas de mulheres acusaram Epstein de forçá-las a prestar serviços sexuais a ele e a seus convidados em sua ilha particular no Caribe e em casas que ele possuía em Nova York, Flórida e Novo México.

Com Reuters

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