Ex-namorada é condenada por ajudar Jeffrey Epstein em abusos de adolescentes

Ghislaine Maxwell foi acusada de recrutar e preparar 4 adolescentes entre 1994 e 2004 para investidor

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Nova York | Reuters

A socialite britânica Ghislaine Maxwell foi condenada na Justiça dos EUA nesta quarta-feira (29) por ajudar o megainvestidor Jeffrey Epstein a abusar sexualmente de adolescentes. Ela foi condenada em cinco das seis acusações e ainda enfrenta outros dois processos por perjúrio.

Ghislaine, 60, foi acusada de recrutar e preparar quatro adolescentes entre 1994 e 2004 para Epstein, seu ex-namorado. Ele se matou em 2019, na prisão em Nova York, enquanto aguardava julgamento pelas acusações de abuso sexual.

Promotor aponta para foto de Ghislaine Maxwell com ex-namorado Jeffrey Epstein - Johannes Eisele/AFP

Ao lado dos julgamentos do produtor de cinema Harvey Weinstein e do cantor R. Kelly, este é um dos casos mais emblemáticos nos Estados Unidos entre as acusações que surgiram em meio ao movimento #MeToo, que encorajou mulheres a falarem sobre abuso sexual.

"Ghislaine Maxwell fez suas próprias escolhas. Ela cometeu crimes de mãos dadas com Jeffrey Epstein. Era uma mulher adulta que sabia exatamente o que estava fazendo", disse a promotora-assistente Alison Moe durante o julgamento.

Os advogados de defesa argumentaram que a socialite estava sendo usada como bode expiatório para Epstein e tentaram descredibilizar os relatos das quatro acusadoras. Segundo eles, o processo foi motivado por dinheiro e a memória das vítimas havia sido corrompida ao longo das décadas.

"A morte de Epstein deixou uma lacuna na busca por justiça para muitas dessas mulheres", disse a advogada de Ghislaine Bobbi Sternheim. "Ela está preenchendo aquela lacuna, preenchendo aquela cadeira vazia."

Ghislaine namorou Epstein por vários anos na década de 1990, quando a dupla comparecia a festas da alta sociedade e viajava em luxuosos jatos particulares. Poucos meses após a morte do investidor, ela comprou uma casa em Bradford (New Hampshire), por US$ 1 milhão (R$ 5,7 milhões) em dinheiro, onde permaneceu fora dos holofotes até sua prisão, em julho de 2020.

Filha do barão da imprensa britânico Robert Maxwell, Ghislaine esteve acostumada à opulência durante toda a vida. Seu pai fundou uma editora e era dono de tabloides, como o Daily Mirror. Ele foi encontrado morto em seu iate perto das ilhas Canárias em 1991.

Durante o julgamento, os jurados ouviram os depoimentos emocionados e fortes de quatro mulheres, duas das quais disseram que tinham 14 anos quando Epstein começou a abusar delas. Três das vítimas disseram que a própria Maxwell as havia tocado de forma inadequada.

Uma mulher, conhecida pelo pseudônimo de Jane, afirmou que tinha 14 anos quando Epstein a abusou pela primeira vez, em 1994. Ghislaine às vezes participava dos encontros sexuais, segundo ela, e agia como se fosse normal. "Isso me deixou confusa, porque isso não parecia normal para mim", disse. "Eu nunca tinha visto ou sentido nada parecido com isso."

A promotora Alison Moe afirmou que a presença de Ghislaine fazia as meninas se sentirem confortáveis com o abusador. "Epstein não poderia ter feito isso sozinho", disse.

Moe lembrou aos jurados os registros bancários que mostram que Epstein pagou a Ghislaine milhões de dólares ao longo dos anos, e que, a fim de manter o estilo de vida luxuoso, ela se sentia motivada a fazer o que fosse necessário para deixar o ex -namorado feliz.

Segundo a advogada de defesa Laura Menninger, Ghislaine é uma "mulher inocente" e não há provas de que ela estava ciente ou que se envolvesse em crimes cometidos pelo ex. "Eles certamente provaram a você que Epstein abusou do dinheiro e do poder", disse. "Isso não tem nada a ver com Ghislaine, mas tudo a ver com Jeffrey Epstein."

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