Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Netanyahu diz que África do Sul 'representa monstros' e rebate acusação de genocídio

Pretória apelou à Corte de Haia para pressionar Tel Aviv a suspender imediatamente a ofensiva contra Gaza

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São Paulo

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, disse nesta quinta-feira (11) que a África do Sul "representa monstros" ao acusar Tel Aviv, em audiência na Corte Internacional de Justiça (CIJ), de agir com "intenção genocida" na Faixa de Gaza.

"Uma organização terrorista comete o pior crime contra o povo judeu desde o Holocausto e agora aparece alguém para defendê-la em nome do Holocausto", disse ele, mencionado pelo jornal The Times of Israel.
"A hipocrisia clama aos céus. [...] Onde vocês estavam, África do Sul, quando milhões de pessoas foram mortas ou deslocadas de suas casas na Síria e no Iêmen? E por quem? Pelos parceiros do Hamas."

O premiê Binyamin Netanyahu durante reunião na capital de Israel, Tel Aviv
O premiê Binyamin Netanyahu durante reunião na capital de Israel, Tel Aviv - Ohad Zwigenberg - 24.dez.23/Pool via Reuters

Netanyahu descreveu a denúncia feita por Pretória, com o apoio do Brasil, de "chutzpah". O termo de origem iídiche é usado para se referir a situações em que há um atrevimento desproporcional, que ultrapassa limites. O textoda acusação, segundo o premiê, mostra que o mundo está "virado de cabeça para baixo". Ele afirmou que vai continuar rebatendo o que chamou de mentiras enquanto luta contra terroristas até a "vitória total".

Antes, às vésperas de a África do Sul apresentar a denúncia ao órgão internacional, Netanyahu reiterou que Israel "não tem intenção de ocupar permanentemente Gaza ou de deslocar a população civil"

Pretória apelou à CIJ, também conhecida como Corte de Haia, para pressionar Tel Aviv a suspender a ofensiva contra Gaza. Quase cem dias após a eclosão da guerra, mais de 23 mil pessoas, a maioria civis, foram mortas no território palestino. As ofensivas são respostas aos atentados realizados pelo Hamas em 7 de outubro que mataram cerca de 1.200 pessoas e fizeram reféns em Israel.

Critério estabelecidos na Convenção Internacional contra o Genocídio para definir o crime

  • Matar membros de um determinado grupo nacional, étnico, racial ou religioso;

  • Causar danos físicos ou mentais graves;

  • Infligir condições de vida que destruam a capacidade de sobrevivência;

  • Impedir a proliferação de um determinado grupo;

  • Transferir crianças de um grupo para outro local de forma forçada;

A África do Sul solicitou na audiência desta quinta a suspensão imediata das operações israelenses contra Gaza, o fim do "assassinato" e deslocamento da população palestina, além da normalização da entrada de alimentos, água e medicamentos à faixa. Também pediu que Israel tome "todas as medidas razoáveis ao seu alcance" para prevenir um genocídio no território.

A denúncia do país africano foi apresentada ao tribunal no último dia 29. O documento acusa o Estado judeu de descumprir a Convenção Internacional contra o Genocídio, segundo o qual o termo pode ser definido a partir de cinco diferentes práticas: matar membros de um determinado grupo nacional, étnico, racial ou religioso; causar danos físicos ou mentais graves a eles; infligir a essas pessoas condições de vida que destruam sua capacidade de sobrevivência; impedir sua proliferação; transferir crianças desse grupo para outro local de forma forçada.

Ainda segundo a convenção, o crime de genocídio é caracterizando quando há "intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso". Nesses casos, a "intenção" costuma ser o elemento mais difícil para os tribunais internacionais provarem.

A chancelaria israelense havia emitido comunicado a suas representações diplomáticas ao redor do mundo instruindo que elas pedissem a políticos e outros líderes para denunciar de forma inequívoca as acusações da África do Sul até a audiência em Haia.

"Uma decisão da corte pode ter implicações potenciais significativas não apenas no universo jurídico, mas com ramificações práticas de segurança, econômicas, multilaterais e bilaterais", dizia o comunicado, obtido pelo site Axios de três autoridades israelenses diferentes.

"Pedimos declarações públicas imediatas e inequívocas nos seguintes termos: 'declara-se pública e claramente que [seu país] rejeita as ultrajantes, absurdas e infundamentadas acusações contra Israel'", afirmava o texto, que classificava de "crítica" a necessidade de representantes ressaltarem esforços de Tel Aviv para aumentar a ajuda humanitária e minimizar a morte de civis em Gaza.

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta quarta apoio à denúncia da África do Sul. O posicionamento foi divulgado horas depois de o presidente ter se reunido com o embaixador palestino no Brasil, Ibrahim Alzeben.

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