PFs das Américas anunciam plano de cooperação para combater crise no Equador

Proposta da Ameripol, que tem o Brasil como país-membro, será enviada a autoridades equatorianas no fim de semana

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Brasília

A Ameripol (Comunidade de Polícias das Américas) desenvolve um plano de cooperação entre as forças de seguranças de seus países-membros e o Equador para auxiliar a nação a enfrentar a onda de criminalidade que o assola o país há uma semana.

O plano foi acertado em reunião virtual da Ameripol desta sexta-feira (12) da qual participaram representantes de 16 países, além da ministra do Interior equatoriana, Mónica Palencia. De acordo com a Polícia Federal brasileira —que ocupa a secretaria-executiva do órgão—, um conjunto de propostas será enviado às autoridades equatorianas no sábado (13).

Comerciantes voluntários distribuem rosquinhas e refrigerantes a militares de guarda em frente ao prédio onde vive a família do presidente do Equador, Daniel Noboa, em Guayaquil - Júlia Barbon/Folhapress

Exemplos de iniciativas citadas no documento incluem "intercâmbio de informações de inteligência para enfrentamento do crime organizado, disponibilização de equipamentos de inteligência, apoio na identificação dos presos do sistema penitenciário equatoriano e oferecimento de cursos sobre descapitalização [redução de recursos financeiros] para o crime organizado", diz nota da PF do Brasil.

Na reunião ainda se discutiu a possibilidade de enviar um representante da polícia brasileira para o Equador.

A Ameripol foi criada em 2007 com o objetivo de fomentar a cooperação entre forças de segurança de países da região. O grupo, porém, só foi reconhecido como organismo internacional em novembro de 2023, após a assinatura do "Tratado de Brasília", em evento na sede do Ministério da Justiça brasileiro.

A mobilização da entidade ocorre após o início de uma onda de violência no Equador marcada por explosões de carros-bombas, sequestros e ameaças. Só nos últimos dias, criminosos invadiram uma emissora ao vivo e fizeram 178 funcionários do sistema prisional reféns.

A crise foi desencadeada após Adolfo Macías —líder da gangue Los Choneros e mais conhecido como Fito—, fugir de uma prisão em Guayaquil pouco antes de ser transferido para uma penitenciária de segurança máxima no último domingo (7).

Após a fuga, o presidente do Equador, Daniel Noboa, declarou estado de exceção, com toque de recolher das 23h às 5h. A reação das facções à ordem foi a realização de uma série de atentados classificados pelo Estado de terroristas, levando o governo a subir o tom e decretar que o país sul-americano vive um "conflito interno armado".

"Os desmandos nas prisões e nas ruas são uma resposta clara dos criminosos às políticas de segurança que estamos implementando a nível nacional. Não vamos deixar que um grupo de terroristas detenha o país", repetiu Noboa em transmissão na quinta.

Já na sexta, o presidente pediu que o Legislativo do país considerasse aumentar o imposto sobre valor agregado (IVA) para financiar o combate a organizações criminosas. A proposta do presidente aumentaria a tributação, que incide sobre bens e serviços, em três pontos percentuais, para 15%. O projeto de lei é considerado urgente e deve ser aprovado dentro de 30 dias.

Em outra frente, o líder ainda anunciou projetos de construção de dois presídios para alocar quase 1.500 detentos. A nação sul-americana de 18 milhões de habitantes tem hoje cerca de 31 mil presos para 27 mil vagas, segundo o último relatório do Snai (Serviço Nacional de Atenção a Presos). Quase 4 em cada 10 detentos não foram condenados. No Brasil, essa proporção é de 2,5 a cada 10 presos.

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior do texto usou a palavra "debelada" de forma incorreta.

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