Prefeitura de Nova York despeja migrantes de abrigos no inverno e é alvo de críticas

Autoridades começaram a expulsar pessoas que atingiram limite de permanência em lares temporários no início de janeiro

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Luis Ferré-Sadurní Wesley Parnell
Nova York | The New York Times

Desde que chegou da Venezuela há quatro meses, Joana Rivas encontrou certa estabilidade em Nova York, prestando serviços de limpeza e matriculando sua filha de nove anos em uma escola pública em Manhattan.

Um ponto crucial para Rivas tem sido a moradia gratuita que lhe foi concedida no Row, um hotel transformado em abrigo perto da Times Square. No entanto, há uma semana, seu tempo no local chegou ao fim. Rivas fez a filha faltar na aula para que elas pudessem arrumar seus pertences e fossem se candidatar a um novo lar.

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Migrante é obrigado a sair do hotel Row, transformado em abrigo, em Nova York - Juan Arredondo - 9.jan.24/The New York Times

A cidade começou recentemente a despejar dezenas de famílias de migrantes cuja estadia no sistema de abrigos para pessoas em situação de rua atingiu o limite de 60 dias. O Row, hotel em que Rivas estava e que abriga 40 famílias de migrantes, foi o primeiro a ser impactado pela medida.

Quase 70 mil migrantes estão vivendo em uma rede de apoio da prefeitura que inclui hotéis, abrigos públicos e gigantescas tendas erguidas em vários pontos de Nova York para proteger os vulneráveis da exposição ao frio com a chegada do inverno.

Famílias de migrantes que têm filhos podem continuar tendo acesso ao serviço após a expiração do prazo de 60 dias. Para isso, contudo, elas precisam deixar os locais que foram seus lares por semanas, às vezes, meses, e se dirigir a um centro de acolhimento da cidade para ganhar novas camas, provavelmente em um local diferente.

A remodelação, no auge do inverno, foi atacada por oponentes do prefeito Eric Adams, que argumentaram que ela atrapalha de forma desnecessária a vida de migrantes que ainda estão tentando se estabelecer em uma nova cidade. Eles também manifestaram preocupação com a situação dos filhos desses migrantes, que podem acabar morando em locais mais distantes das escolas públicas em que estão matriculados.

Adams defendeu sua decisão em um encontro com jornalistas. Na ocasião, ele afirmou que a chegada de migrantes tinha sobrecarregado a infraestrutura municipal, e que as famílias que vivem em hotéis precisavam encontrar lugares mais estáveis para viver. Ele ainda repetiu a promessa de que nenhuma família com crianças seria obrigada a dormir na rua.

No dia 9 de janeiro, após horas de espera, alguns migrantes que saíram do Roosevelt, hotel no
centro da cidade que foi transformado no principal centro de boas-vindas de Nova York, disseram que tinham sido realocados para abrigos no Brooklyn.

Pelo menos um deles tinha um filho matriculado em uma escola primária, contrariando as promessas feitas pelas autoridades da cidade na véspera de garantir que os migrantes que estavam vivendo no Row poderiam permanecer em Manhattan.

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