Justiça do Paquistão condena ex-premiê por casamento ilegal em 3ª sentença contra ele em dias

Detido por corrupção, Imran Khan já tinha recebido penas de 10 e 14 anos de prisão nesta semana

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Islamabad | Reuters

O ex-primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, e sua esposa Bushra Khan foram condenados a sete anos de prisão e multados no sábado (3) por um tribunal que considerou ilegal seu casamento, realizado em 2018.

A sentença, terceira a ser emitida contra o ex-premiê nesta semana, ocorre dias antes das eleições nacionais da quinta-feira (8), nas quais ele está impedido de concorrer por ainda outra decisão judicial.

Homem vestindo camisa e colete está sentado ao lado de mulher de vestimenta islâmica preta que só deixa os olhos de fora, com pessoas ao fundo
O ex-primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, e sua esposa, Bushra Bibi, assinam pagamento de fiança relacionados a diversas condenações, em julho de 2023. . - Arif Ali/AFP

Na terça (30), Khan, 71, foi condenado a dez anos de prisão, julgado culpado por vazar informações sigilosas. Na quarta (31), desta vez juntamente com a esposa, recebeu uma pena de 14 anos de cárcere por vender ilegalmente presentes do Estado que recebeu no período em que esteve à frente do governo.

Seus advogados afirmaram que ele vai recorrer nos três casos. Não ficou claro se as várias sentenças serão cumpridas simultaneamente.

Khan está preso em uma penitenciária de segurança máxima na cidade de Rawalpindi desde o ano passado, por outra condenação. Ele já está impedido de ocupar cargos públicos por dez anos.

O partido do ex-premiê, PTI (Movimento Paquistanês pela Justiça, em português), acusou a Justiça de perseguição política em comunicado. "Do jeito que esses julgamentos estão sendo conduzidos, haverá um grande ponto de interrogação sobre as eleições de 8 de fevereiro. Este caso é um teste para os tribunais superiores do Paquistão", diz o texto.

Khan e a mulher, Bushra, foram multados em 500 mil rúpias (cerca de R$ 30 mil), segundo a ARY News, e ela supostamente cumprirá sem tempo de cárcere na mansão do casal Islamabad.

Bushra foi acusada de não cumprir o período de espera exigido pela religião islâmica, chamado "iddat", após se divorciar do companheiro anterior e se casar com Khan.

Foi esse ex-marido, Khawar Maneka, com quem Bushra foi casada por cerca de 30 anos, que apresentou uma denúncia criminal contra o casal. Ambos negam qualquer irregularidade.

"Posso dizer que sou testemunha do 'nikkah' [contrato de casamento] e este é categoricamente mais um caso falso, desde as testemunhas até as evidências apresentadas", disse o assessor de mídia de Khan, Zulfi Bukhari. O ex-premiê e a mulher supostamente se casaram em janeiro de 2018, em uma cerimônia secreta, sete meses antes de o ex-astro do críquete se tornar primeiro-ministro.

Khan vem enfrentando dezenas de processos na Justiça desde que foi destituído pelo Parlamento, em abril de 2022. Ele afirma que seu afastamento foi apoiado por militares poderosos com quem ele se desentendeu enquanto estava no cargo.

Ele e seu partido afirmam ter sido alvo de uma perseguição patrocinada pelo Exército, que levou à prisão de centenas de apoiadores, membros do partido e principais assessores. Os militares, que há décadas exercem influência sobre a política do Paquistão, negam as alegações.

A NAB, a agência de combate à corrupção que levou Khan a julgamento, investigou, processou e prendeu todos os primeiros-ministros que serviram desde 2008, incluindo Nawaz Sharif, cujo partido é considerado o favorito nas eleições da próxima semana.

No caso da venda de presentes, Khan e a esposa foram acusados de vender mimos avaliados em mais de US$ 500 mil (R$ 2,5 milhões) em Dubai. Os itens teriam sido recebidos de 2018 a 2022, quando ele ocupava o cargo de premiê.

Segundo a acusação, a lista de presentes inclui perfumes, joias com diamantes, jogos de louça, sete relógios —seis dos quais da marca Rolex—, entre outros produtos de luxo. Somente um dos relógios, disse a promotoria, é avaliado em cerca de US$ 300 mil (R$ 1,5 milhão).

No caso do vazamento de informações secretas, o ex-premiê foi considerado responsável por divulgar o conteúdo de um telegrama secreto enviado ao governo de Islamabad pelo embaixador do Paquistão em Washington. O político defende que o material já tinha aparecido na imprensa por outras fontes antes de ele citá-lo.

Os advogados de Khan esperavam obter a soltura do político em breve. Mas as condenações recentes tornam isso improvável.

Em novembro de 2022, o ex-premiê foi baleado durante um protesto em que exigia eleições antecipadas. O ato fazia parte de sua "longa marcha" que partiu de Lahore em direção a Islamabad —à medida que o comboio passava por cidades e vilarejos, ele subia em um palanque improvisado em cima de um caminhão para discursar para multidões. Apoiadores dizem que o episódio foi uma tentativa de assassinato articulada pela oposição.

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