Descrição de chapéu Rússia

Rússia condena à prisão ativista de grupo vencedor do Nobel da Paz

Oleg Orlov, cofundador da ONG Memorial, respondia a processo por dizer que Putin estava 'mergulhando país no fascismo'

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Moscou | Reuters

O cofundador do grupo de direitos humanos russo Memorial, Oleg Orlov, 70, foi condenado a dois anos e meio de prisão nesta terça-feira (27) por um tribunal em Moscou. Um dos principais nomes do grupo que venceu o Nobel da Paz em 2022, Orlov era acusado de "atacar a credibilidade das Forças Armadas" russas ao protestar contra a Guerra da Ucrânia e acusar Vladimir Putin de mergulhar o país no fascismo.

Os gatilhos para a acusação contra Orlov foram sua participação em protestos contra a invasão da Ucrânia — que completou dois anos no último sábado (24)— e o fato de ter escrito um artigo intitulado "Eles queriam fascismo. E conseguiram", publicado em um veículo francês em novembro de 2022. No texto, Orlov acusa Putin e parte da população russa de serem responsáveis pelo "assassinato em massa do povo ucraniano" e por dar um "duro golpe no futuro da Rússia".

O ativista de direitos humanos russo, Oleg Orlov, durante julgamento em Moscou no qual foi condenado a dois anos e meio de prisão por criticar Putin e as Forças Armadas - Alexander Nemenov - 27.fev.2024/AFP

Ao ouvir a sentença, o ativista disse que a condenação "mostra que o meu artigo estava correto". O julgamento foi acompanhado por apoiadores e por diplomatas de países ocidentais. A promotoria disse que Orlov demonstrou "ódio político pela Rússia". Ele foi condenado com base em leis aprovadas logo depois do início da guerra, que previam prisão para quem atacasse ou espalhasse o que Moscou considera informações falsas sobre as Forças Armadas.

O Memorial venceu o Prêmio Nobel da Paz em 2022 em conjunto com Ales Bialiatiski, da Belarus, e do Centro para Liberdades Civis da Ucrânia. A escolha foi uma resposta à invasão do país vizinho por Putin em fevereiro do mesmo ano, e o comitê norueguês do Nobel disse na época que os três premiados "fizeram um notável esforço para documentar crimes de guerra, abusos de direitos humanos e de poder".

O grupo é um dos mais antigos de direitos humanos na Rússia, tendo sido fundado em 1989 com o objetivo de documentar as vítimas do stalinismo. Em dezembro de 2021, a Suprema Corte do país proibiu e desmanchou o grupo, dizendo que ele atuava como um "agente estrangeiro".

Em nota, o Memorial disse que a condenação de Orlov "é uma tentativa de sufocar as vozes dos movimentos de direitos humanos da Rússia", mas prometeu seguir com seu trabalho. O comunicado também diz que o cofundador é "um verdadeiro patriota russo". "Porém, tudo na Rússia vira de cabeça para baixo: guerra é paz, clamar por paz é crime, e denunciar a violência estatal é um crime de ódio".

A condenação de Orlov vem dias depois da morte do mais conhecido dissidente russo, Alexei Navalni, que morreu em circunstâncias não explicadas no último dia 16 em uma colônia penal no Ártico russo. O corpo dele foi entregue à mãe, Ludmila Navalnaia, no sábado (24).

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