Ataques de Israel em Gaza deixam ao menos 37 mortos

Operação continua ao redor do hospital Al-Shifa, e bombardeios atingem faixa dias após resolução da ONU por cessar-fogo

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Cairo | Reuters

Israel continuou com sua ofensiva aérea e terrestre na Faixa de Gaza nesta sexta-feira (29), deixando dezenas de palestinos mortos, disseram autoridades de saúde locais, ligadas ao Hamas.

Os palestinos relataram ainda duas ações de Tel Aviv no bairro de Shejaia, no leste da Cidade de Gaza, que deixaram 17 mortos —10 deles, segundo o Hamas, policiais encarregados de garantir a chegada de ajuda humanitária a deslocados no norte de Gaza—, e um ataque aéreo ao campo de refugiados de Al-Maghazi, na região central do território, que provocou 8 óbitos.

Além disso, um bombardeio a Rafah, no sul, na noite de quinta-feira (28) matou 12 pessoas.

Familiares de palestino morto se desesperam em hospital em Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza
Familiares de palestino morto se desesperam em hospital em Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza - 28.mar.2024/AFP

Combates seguem também nas proximidades do Al-Shifa, principal hospital da Cidade de Gaza. As forças, que ocupam a área há mais de uma semana, relataram ter matado terroristas e localizado armas e infraestrutura militar no local nas últimas 24 horas, segundo elas "mitigando danos a civis, pacientes, equipes médicas e equipamentos médicos".

O Shifa era uma das poucas instalações de saúde parcialmente em operação no norte de Gaza antes do novo ataque israelense, iniciado em 18 de março —uma incursão anterior, em novembro, foi altamente controverso. Não estão claras as motivações para o retorno das forças a um local supostamente já ocupado.

O Exército de Israel realiza ainda operações em outras áreas do centro e do sul do território palestino, incluindo Khan Yunis e Al-Qarara, no sul. O Hamas afirma que seus combatentes atacaram as forças israelenses perto do Nasser, em Khan Yunis, mais um dos hospitais cercados por Tel Aviv.

Já no extremo sul da faixa, em Rafah, na fronteira com o Egito, Israel segue com os bombardeios. A cidade superlotada, que hoje abriga mais da metade dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza, é o único grande centro urbano que Tel Aviv não invadiu por terra.

Mais de 32.600 palestinos foram mortos na ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza desde 7 de outubro, data em que terroristas do Hamas invadiram o território israelense, mataram cerca de 1.200 pessoas e sequestraram mais de 250.

Na quinta-feira (28), a Corte de Haia ordenou que Israel tome todas as medidas necessárias para garantir o fornecimento básico de alimentos à população de Gaza e para interromper o alastramento da fome pelo território.

"A ordem vinculativa renovada da Corte Internacional de Justiça (CIJ) ontem é um lembrete contundente de que a catastrófica situação humanitária na Faixa de Gaza é produzida pelo homem e está piorando. No entanto, ela ainda pode ser revertida", afirmou Philippe Lazzarini, chefe da agência de refugiados palestinos da ONU, a UNRWA, no X.

"Isso significa que Israel deve reverter sua decisão, permitir que a UNRWA chegue ao norte de Gaza com comboios de alimentos diariamente e abrir passagens terrestres adicionais", acrescentou Lazzarini. Ele fazia referência ao fato de que Israel havia informado no início da semana que não aprovaria a entrada de novos carregamentos da organização.

Na segunda-feira (25), o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução que demanda um cessar-fogo imediato em Gaza, além da libertação imediata de todos os reféns em posse do Hamas.

A medida, primeira a ser aprovada após vetos de Estados Unidos, Rússia e China a propostas anteriores similares, não tem sido respeitada por Israel. Embora resoluções do Conselho de Segurança sejam vinculativas, isto é, obrigatórias, analistas dizem que Tel Aviv dificilmente sofrerá alguma consequência.

Isso porque a penalização por uma eventual violação —a aplicação de sanções econômicas, por exemplo— também exige o aval do órgão, e a expectativa seria de que os americanos, aliados históricos dos israelenses que se abstiveram na votação de segunda, vetassem qualquer medida mais dura.

Bombardeio na Síria mata ao menos 39

Enquanto isso, ao menos 39 pessoas morreram em um bombardeio de Israel na região de Aleppo, no norte da Síria, na madrugada da sexta-feira (29).

O ataque tinha como alvo depósitos de foguetes do grupo fundamentalista libanês Hezbollah, aliado do Hamas, no país.

Segundo a agência Reuters, citando três pessoas da área de segurança, 33 dos mortos eram do regime sírio e 5, do grupo libanês, que é aliado próximo do Irã.

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