Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Pacotes de ajuda humanitária atingem palestinos e matam 5 em Gaza

Moradores afirmam que paraquedas de carregamentos não abriram; outras dez pessoas ficaram feridas

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São Paulo

Pacotes com ajuda humanitária lançados sobre a Faixa de Gaza atingiram civis e mataram pelo menos cinco pessoas, disse nesta sexta-feira (8) o chefe de enfermagem do principal hospital no território palestino, devastado na guerra de Israel contra o Hamas. Outras dez pessoas ficaram feridas.

Segundo relatos de moradores, os paraquedas de alguns dos carregamentos não abriram. "Quando os aviões começaram a lançar a carga, eu e meu irmão fomos até a área na esperança de pegar um saco de farinha. Mas o paraquedas não abriu e a carga caiu como um foguete no telhado de uma das casas", disse à agência de notícias AFP o palestino Mohamed Al-Goul, 50.

Pacotes de ajuda humanitária lançados por avião sobre a Faixa de Gaza
Pacotes de ajuda humanitária lançados por avião sobre a Faixa de Gaza - Amir Cohen - 7.mar.24/Reuters

O homem disse que, em seguida, viu um grupo de pessoas carregando três cadáveres, além de vários feridos. O acidente ocorreu no campo de refugiados de Al-Shati, próximo da Cidade de Gaza, no norte do território. As vítimas foram levadas para o hospital Al-Shifa, disse Mohamed al-Sheikh, chefe da equipe de enfermagem da unidade de emergência. Não há informações sobre o estado de saúde dos feridos.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um pacote de ajuda caindo em alta velocidade depois de ser lançado de um avião, aparentemente com o paraquedas parcialmente fechado.

Os Estados Unidos e outros países, incluindo a Jordânia e a França, passaram a lançar de aviões alimentos e itens de ajuda humanitária sobre Gaza após o agravamento da crise humanitária no território palestino e o bloqueio da entrada de ajuda por parte de Israel. Ainda não se sabe qual país lançou os pacotes que atingiram os civis.

De acordo com várias agências da ONU, cerca de meio milhão de pessoas passam fome em Gaza, e toda a população é afetada pela falta de alimentos básicos por causa da guerra. As Nações Unidas dizem que a desnutrição infantil no norte do território atingiu um nível "extremo", e que uma a cada cinco crianças de menos de dois anos está gravemente desnutrida.

As operações aéreas de ajuda vêm sendo criticadas por especialistas, que disseram à agência de notícias Reuters que envios de suprimentos por ar são pouco eficazes. A primeira entrega realizada pelos EUA, por exemplo, entregou 38 mil refeições, uma fração minúscula do necessário para uma população de mais de 2 milhões de pessoas.

Aviões americanos lançaram pela primeira vez kits com água e comida sobre Gaza no sábado (2). A ação foi anunciada pelo presidente Joe Biden no dia 1º, depois que o Exército de Israel atirou contra civis que aguardavam para receber alimentos no norte da faixa. Mais de 110 palestinos morreram na ocasião, segundo o grupo terrorista Hamas, que controla o território, em um episódio que intensificou os comentários de que Tel Aviv atua de forma desproporcional no conflito.

Na quinta (7), Biden anunciou que as Forças Armadas americanas vão construir um píer flutuante para que navios possam atracar e entregar ajuda humanitária diretamente à população. O anúncio foi feito pelo presidente americano durante um discurso ao Congresso, no qual o democrata também disse que Israel precisa "fazer a sua parte" e permitir que mais suprimentos entrem em Gaza. "Assistência humanitária não pode ser uma consideração secundária ou algo para se barganhar", disse.

As forças de Tel Aviv mantém Gaza sob cerco desde outubro e restringem a entrega de carregamentos sob a alegação de que parte dos materiais pode representar um risco à segurança de Israel. Na última semana, o deputado italiano Ângelo Bonelli, que integra uma delegação de seu país para monitorar a entrega de ajuda, denunciou que cerca de 400 pacotes destinados ao território palestino enviados por vários países, incluindo o Brasil, estão retidos próximos da passagem de Rafah, que separa Gaza do Egito. Alguns dos materiais estão parados há mais de um mês, diz Bonelli.

No último sábado (2), Eylon Levy, porta-voz do governo israelense, rebateu as acusações de que Israel restringe a entrada de ajuda em Gaza ao afirmar que Tel Aviv não impõe limites à quantidade dos insumos enviados ao território. "A ideia de que Israel 'não deixa entrar ajuda' é simplesmente uma mentira."

Pelo menos 18 crianças morreram nos últimos dias de desnutrição e desidratação em todo o território, informou o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Pelo menos 10 dessas mortes aconteceram no hospital Kamal Adwan, no norte de Gaza, de acordo com a ONU. Além da fome, há um risco crescente de doenças infecciosas, com 9 em cada 10 crianças menores de cinco anos —cerca de 220 mil— adoecendo nas últimas semanas, de acordo com James Elder, porta-voz do Unicef (fundo da ONU para crianças).

O conflito entre Israel e o Hamas em Gaza eclodiu depois que terroristas do grupo palestino atacaram o sul do país em 7 de outubro e mataram cerca de 1.200 pessoas. No território palestino, as ofensivas israelenses mataram 30.878 pessoas, a maioria civis, até esta sexta (8), de acordo com o Ministério da Saúde.

Com AFP

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