A Suprema Corte do Panamá decidiu nesta sexta-feira (3) que a candidatura presidencial do conservador José Raúl Mulino, ex-vice-presidente de Ricardo Martinelli, é constitucional. A decisão ocorre dois dias antes das eleições, previstas para o próximo domingo (5).
Mulino entrou na corrida em março como substituto de Martinelli, depois que este foi retirado da disputa devido a uma sentença de quase 11 anos de prisão por lavagem de dinheiro.
Martinelli aparecia à frente dos adversários nas pesquisas de intenção de voto, e os levantamentos mais recentes mostram que Mulino herdou sua popularidade.
Uma advogada particular havia apresentado ao Tribunal Eleitoral uma ação de inconstitucionalidade, argumentando que Mulino não passou por eleições primárias nem tem candidato a vice-presidente, como indicam as leis panamenhas. O argumento, porém, não foi validado pela Suprema Corte.
"O que moveu a Corte no momento histórico em que nos encontramos é defender a nossa pátria e a democracia, a institucionalidade, a paz social, o direito de eleger e ser eleito e o pluralismo político", explicou María Eugenia López, presidente da Suprema Corte.
A avaliação da Justiça panamenha manteve o país em suspense na reta final das eleições, nas quais cerca de 3 milhões vão às urnas para escolher um novo presidente, em turno único e por maioria simples, além de 71 deputados e governadores.
Mulino, ex-ministro da Segurança de Martinelli (2009-2014) e candidato do partido Realizando Metas (RM), tem 37,6% das intenções de voto, segundo a última pesquisa da empresa Mercadeo Planificado para o jornal La Prensa, publicada na quinta-feira (2).
Em seguida aparecem no levantamento o ex-presidente social-democrata Martín Torrijos (2004-2009), com 16,4%, e os advogados de centro-direita Rómulo Roux, com 14,9%, e Ricardo Lombana, com 12,7%.
"Estou feliz porque a verdade, a lei e a Justiça sempre prevalecem no final", reagiu Martinelli no X, ao destacar que "a decisão acertada" da Corte "respeitará a democracia no Panamá". O padrinho político de Mulino o vinha apoiando pelas redes sociais da embaixada da Nicarágua, onde tem vivido após sua sentença, depois de ter conseguido asilo.
Em abril, durante a campanha, Mulino prometeu fechar a selva de Darién para migrantes que passam pela região em direção aos Estados Unidos. "Vamos fechar Darién e vamos repatriar todas essas pessoas conforme necessário, respeitando os direitos humanos", disse a jornalistas na ocasião.
Darién é o local de mata fechada, rios e morros na fronteira entre a Colômbia e o Panamá conhecida como "selva da morte". A travessia feita por centenas de milhares de migrantes vindos da América do Sul se transformou nos últimos anos na maior crise migratória das Américas e uma das mais agudas do mundo.
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