Descrição de chapéu União Europeia

Político de extrema direita da Alemanha tenta isentar paramilitares nazistas

'Nem todos eram criminosos', diz candidato do partido AfD; líder de ultradireita da França rompe com sigla após declaração

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São Paulo

O principal candidato do partido de extrema direita alemão Alternativa para a Alemanha (AfD) ao Parlamento Europeu, Maximilian Krah, disse ao jornal italiano La Reppublica no último sábado (18) que nem todos os membros da SS, organização paramilitar nazista, eram criminosos.

A fala passou por baixo do radar da imprensa alemã e só foi reportada nesta terça (21), quando o partido de Marine Le Pen, líder da ultradireita francesa, anunciou que não iria mais participar de uma coalizão com a AfD no Parlamento Europeu por conta das declarações.

O candidato do partido de extrema direita AfD ao Parlamento Europeu, Maximilian Krah, participa de um evento de campanha em Dresden, na Alemanha - Jens Schlueter - 1.mai.24/AFP

"Jamais vou dizer que todos aqueles que vestiram um uniforme da SS eram, automaticamente, criminosos. É preciso analisar caso a caso", disse Krah ao jornal italiano. "Entre os 900 mil integrantes da SS também havia muitos camponeses. Certamente havia uma alta porcentagem de criminosos, mas não apenas isso."

A Schutzstaffel, ou SS, era um grupo paramilitar nazista responsável por administrar os campos de concentração e extermínio durante o Holocausto, que foi o assassinato de 6 milhões de judeus e outros grupos. Liderada por Heinrich Himmler, a organização acumulou poder e prestígio ao longo dos anos na Alemanha de Adolf Hitler, e foi responsável por aplicar as leis de pureza racial do regime e vigiar e reprimir a população por meio da Gestapo.

"A AfD cruzou uma linha vermelha", disse na terça o líder da campanha do partido francês Reunião Nacional (RN) ao Parlamento Europeu, Jordan Bardella. Ele afirmou que o RN, partido de Le Pen, vai trabalhar para construir "novas alianças" depois das eleições.

A AfD e o Reunião Nacional faziam parte da coalizão de ultradireita Identidade e Democracia (ID) no legislativo da União Europeia, mas já havia sinais de que a aliança vinha se fragilizando. Em janeiro, após a revelação de que membros da AfD discutiram um plano de deportações em massa caso cheguem ao poder, Le Pen tentou se distanciar do partido alemão e ameaçou não colaborar mais com a sigla.

A presidente da AfD, Alice Weidel, visitou Le Pen em Paris em fevereiro para tentar colocar panos quentes na situação. O coordenador da campanha do RN para as eleições europeias disse nesta terça que os partidos tiveram conversas francas, mas que os alemães "não aprenderam nada". De acordo com a imprensa alemã, a liderança da AfD deve se pronunciar sobre o caso nesta quarta (22).

As pesquisas eleitorais apontam que a ultradireita deve ter um resultado recorde nas eleições do Parlamento Europeu, que acontecem do dia 6 ao 9 de junho. Os principais grupos são o Identidade e Democracia, no qual o partido de Le Pen é o mais forte, e os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), liderados pela premiê italiana Giorgia Meloni. Na Alemanha, a AfD está em segundo lugar nas intenções de voto.

Maximilian Krah, que não se pronunciou sobre a fala relativizando os crimes da SS, pertence à ala da AfD considerada mais radical, que é liderada informalmente por Björn Höcke e que se opõe às tentativas de Weidel de moderar o discurso para conseguir chegar ao poder.

Krah sofreu duros ataques na imprensa do país depois que um assessor foi preso preventivamente sob a acusação de espionagem em serviço da China. Mas, por influência de Höcke, que lidera o diretório estadual mais bem-sucedido da AfD, Krah foi mantido como líder da campanha eleitoral ao Parlamento Europeu.

Na terça, o governo alemão divulgou dados que mostram que crimes motivados por ideologias de extrema direita aumentaram quase 25% no ano passado no país. Foram quase 30 mil ocorrências, que incluem vandalismo, incitação ao ódio, xingamentos, ameaças ou violações das leis alemãs que proíbem símbolos e reuniões nazistas.

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