Após anunciar volta à política do Peru, Fujimori é internado com fratura no quadril

Ex-ditador sofreu queda em seu quarto, segundo a filha, e terá que passar por cirurgia para colocar prótese

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Lima | AFP

Dias depois de anunciar seu retorno à política do Peru, o ex-ditador Alberto Fujimori, 85, está hospitalizado sob cuidados intensivos após sofrer uma fratura no quadril em um acidente doméstico, anunciou sua família na quarta-feira (26).

"Durante a madrugada, meu pai teve uma queda em seu quarto. Nós o transferimos para a Clínica Delgado para receber atendimento e avaliação. Os primeiros exames mostram uma fratura no quadril", disse a presidente do partido Força Popular, Keiko Fujimori, nas redes sociais.

"Ele está atualmente na unidade de terapia intensiva", afirmou a filha mais velha de Fujimori.

A imagem mostra um idoso sentado no banco de trás de um carro, usando um tubo de oxigênio. Ele está acompanhado por outras pessoas, uma das quais está parcialmente visível ao seu lado. O idoso está olhando para a câmera e levantando a mão direita com três dedos estendidos.
Ex-ditador do Peru Alberto Fujimori logo após deixar a prisão, sentado no banco de trás de um carro entre os filhos Kenji (à esq.) e Keiko - Renato Pajuelo - 6.dez.23/AFP

Como consequência da fratura, o ex-ditador, que governou o país de 1990 a 2000, terá que passar por uma cirurgia nos próximos dias para colocar uma prótese no fêmur.

"É uma operação de risco devido às doenças de meu pai, que tem um tumor na língua, fibrose pulmonar e fibrilação atrial", disse Keiko à imprensa. "As terapias o enfraqueceram muito."

Keiko, que já se candidatou três vezes à Presidência, sem sucesso, lidera o Força Popular, ao qual seu pai se filiou em 15 de junho, seis meses depois de deixar a prisão. Ele é cotado por membros de sua nova sigla para lançar candidatura à Presidência ou ao Senado em 2026.

O subsecretário-geral nacional do Força Popular e porta-voz do partido, o ex-deputado Miguel Torres, disse na semana passada ao jornal peruano El Comercio que uma candidatura de Fujimori em 2026 "seria extraordinária".

"Se ele será candidato ou não é uma questão que ele e sua família devem avaliar. Para nós, é claro que isso seria extraordinário. Seria extraordinário para ele reintegrar-se plenamente na atividade política, mas agora não estamos definindo e nem lançando uma candidatura", disse Torres.

Alberto Fujimori, de origem japonesa, esteve preso por 16 anos até ser libertado em 7 de dezembro de 2023 sob um indulto concedido por razões humanitárias, apesar de objeção da Justiça interamericana.

O ex-ditador foi condenado a 25 anos de prisão por dois massacres de civis perpetrados por um esquadrão do Exército no contexto da luta contra a guerrilha maoísta Sendero Luminoso, no início da década de 1990.

Uma das acusações contra Fujimori nesse episódio se referia aos massacres em Barrios Altos (1991) e La Cantuta (1992). Na ocasião, o grupo militar conhecido como Colina matou 25 civis, incluindo uma criança.

Há outros processos contra o ex-ditador em andamento, como o das esterilizações forçadas, em que mais de 250 mil mulheres —a maioria delas habitantes de regiões pobres, indígenas e distantes dos núcleos urbanos— foram enganadas e esterilizadas à força.

O projeto tinha uma justificativa oficial: diminuir a pobreza por meio do planejamento familiar. Os milhares de mulheres que já depuseram no processo afirmam que nunca foram informadas do procedimento e que tampouco consentiram.

Este caso havia ficado parado por anos, mas uma pressão de movimentos feministas fez com que fosse reaberto, em dezembro de 2021. Segundo a acusação, as autoridades de saúde cumpriam metas de esterilizações estabelecidas por Fujimori.

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