Descrição de chapéu Haiti Estados Unidos

Secretário de Estado dos EUA visita Haiti em meio a tensão com gangues

Blinken, 1° chefe da diplomacia a visitar Porto Príncipe em quase uma década, tenta reforçar compromisso de Washington

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São Paulo

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, chegou ao Haiti nesta quinta-feira (5) em uma demonstração de apoio americano aos esforços internacionais para livrar a nação das garras de gangues violentas tirânicas.

Blinken aterrissou na capital, Porto Príncipe, onde planejava inspecionar o trabalho de uma força de segurança liderada pelo Quênia, apoiada pelas Nações Unidas. Sua missão é apoiar a polícia haitiana no combate às gangues, que submeteram grandes áreas do país caribenho a um regime brutal, mantido por meio de tortura, estupro e assassinato.

Ofuscado pelas crises no Oriente Médio e na Europa, o colapso do Haiti sob o poder das gangues está entre os problemas mais intratáveis enfrentados pelo governo Joe Biden e pela comunidade internacional.

Duas autoridades estão em pé em frente a uma parede com persianas de madeira. À esquerda, um homem de pele escura, usando um terno escuro e uma gravata listrada. À direita, um homem de pele clara, com cabelo grisalho, vestindo um terno escuro e uma gravata clara. Atrás deles, há bandeiras dos Estados Unidos e do Haiti.
O primeiro-ministro do Haiti, Garry Conille, e o secretário de Estado americano, Antony Blinken, durante entrevista coletiva em Porto Príncipe - Roberto Schmidt/5.set.24/Reuters

Os esforços para melhorar a vida da população haitiana, em grande parte empobrecida, de aproximadamente 11 milhões de pessoas, foram complicados por intervenções passadas. Esses fracassos, bem como o legado do colonialismo, ajudam a explicar por que os EUA têm desempenhado um papel de apoio por trás do envio de policiais do Quênia.

As autoridades dos EUA disseram que Blinken —o primeiro secretário de Estado americano a visitar o Haiti em quase uma década— avaliaria a situação da missão de segurança, que até agora pouco fez para desalojar o poder de gangues bem armadas que se espalharam pelo país, bloqueando estradas, esvaziando prisões e atacando delegacias de polícia.

Apesar do pequeno número de policiais quenianos no país, o Haiti está muito mais estável do que há alguns meses, disse Brian Nichols, chefe da diplomacia americana para a América Latina.

"Percorremos um longo caminho desde aqueles momentos muito sombrios", disse Nichols. "Estamos vendo o avanço na área de segurança que há muito esperávamos". Ele disse que as forças quenianas têm conduzido operações conjuntas com a polícia nacional do Haiti, "perseguindo as gangues e seus líderes de uma forma que não acontecia há anos".

Mas Nichols usou um tom ameaçador, alertando que o progresso poderia ser revertido se não houver mais apoio externo. "Precisamos que o restante da comunidade internacional dê um passo à frente com contribuições financeiras muito mais significativas para que a força possa continuar a operar", disse ele.

Alguns analistas afirmam que o destacamento liderado pelo Quênia, que é autorizado, mas não financiado pelas Nações Unidas, deve ser substituído por uma força de paz tradicional da ONU —apesar da raiva persistente em relação às forças de paz anteriores da ONU, que estupraram mulheres e meninas e introduziram a cólera no país.

Embora a segurança seja essencial para restaurar a estabilidade do país, autoridades e analistas dizem que qualquer sucesso de longo prazo dependerá de uma transição bem-sucedida de volta ao regime democrático. Isso aconteceria após anos de turbulência, depois que seu presidente, Jovenel Moïse, foi assassinado em seu quarto em julho de 2021. O país é nominalmente governado por seu primeiro-ministro, Garry Conille, um ex-funcionário da ONU que foi nomeado em maio e com quem Blinken também se reuniu.

Um conselho de transição estabelecido este ano está preparando o caminho para as eleições nacionais para a escolha de um novo presidente. No entanto, esse processo tem sido marcado por atrasos e brigas internas, e três membros do conselho estão sendo investigados pela agência anticorrupção do país sobre a distribuição de empregos no governo para membros de sua coalizão de outros grupos políticos e econômicos.

Blinken se reuniu nesta quinta-feira com o líder do conselho de transição, Edgard Leblanc Fils. O secretário afirmou que a conversa girou em torno de um conselho eleitoral que deve ser estabelecido para a realização das eleições no país caribenho. "Esperamos ver isso em breve, porque esse é um próximo passo crítico para seguir em frente e organizar eleições para o ano que vem", afirmou.

A imagem mostra dois homens em um evento ao ar livre. À esquerda, um homem de pele escura, usando um terno escuro e gravata, está em pé ao lado de um homem de pele clara, que usa um terno escuro e uma gravata preta. Ao fundo, há uma bandeira dos Estados Unidos e uma bandeira do Haiti
Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o coordenador do Conselho Presidencial de Transição do Haiti, Edgard Leblanc Fils, na residência do chefe da missão dos EUA em Porto Príncipe, Haiti - Roberto Schmidt - 5.set.24/Reuters

Durante a conversa, Blinken ainda reafirmou o apoio dos Estados Unidos para o combate das gangues e recuperação dos territórios invadidos. "A segurança é a base de tudo o que precisa acontecer daqui para frente", disse o secretário, observando novamente que isso incluía a realização de eleições.

O secretário anunciou um pacote de US$ 45 milhões em ajuda humanitária para o Haiti e defendeu que, para além da renovação de que o país precisa, haja um modelo sustentável como solução para as crises —a missão internacional seria uma delas.

Depois de passar pelo Haiti, Blinken visitará a vizinha República Dominicana, segundo autoridades do Departamento de Estado. A República Dominicana tem vivido uma história de sucesso político e econômico em contraste com seu vizinho e, ao contrário do Haiti, é segura o suficiente para que o secretário de Estado passe a noite.

Com The New York Times e Reuters

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