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Kátia Abreu

O céu é o limite

Acordo Mercosul-UE é um marco na história do país

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A senadora Kátia Abreu (PDT-TO)
A senadora Kátia Abreu (PDT-TO) - Adriano Machado - 16.ago.18/Reuters

O acordo Mercosul-União Europeia e as reformas tributária e da Previdência renovam a minha crença no crescimento da economia, sem riscos de nova recessão. 

Esse acordo é um marco extraordinário na história das relações internacionais do Brasil. Numa conjuntura mundial adversa, com guerra comercial entre as principais economias, uma parceria dessa magnitude é emblemática para reverter o protecionismo e ampliar o horizonte das oportunidades.

Luto por esse acordo há duas décadas, como comprovam artigos, entrevistas e registros das reuniões das quais participei no comando da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e no exercício dos mandatos no Congresso. 

No Ministério da Agricultura, em 2015, tive o privilégio de participar, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, ao lado do ex-ministro Armando Monteiro, da retomada das negociações entre o Itamaraty e a Comissão Europeia —iniciadas em 1999, durante o governo Fernando Henrique Cardoso.  

Nossas ofertas, naquela ocasião, chegaram a 90% dos limites tarifários —as mais abrangentes até então. Muitos incrédulos achavam que era tempo perdido, mas persistimos e avançamos.

Depois, sob o comando do então chanceler Aloysio Nunes Ferreira, no governo Michel Temer, as negociações seguiram. Agora, conseguimos, enfim! Parabenizo o governo Jair Bolsonaro pelo sucesso nas negociações finais. 

Nosso comércio exterior está aquém de nossa grandeza. Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil representa menos de 1,5% dos negócios globais. O agro, segmento mais avançado, tem 7% do bolo mundial.

O Mercosul e a União Europeia representam, somados, um Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de US$ 20 trilhões, 25% da economia mundial, e um mercado de 780 milhões de pessoas. Hoje, só 24% das exportações brasileiras, em termos de linhas tarifárias, entram livres de tributos na UE.

Com o acordo, 90% das exportações do Mercosul serão zeradas das tarifas de importação da União Europeia no prazo máximo de dez anos. Com isso, serão reduzidas as desigualdades impostas aos países do Mercosul em comparação a nações que possuem acordos de livre-comércio com a UE. 

Segundo o governo brasileiro, os produtos agrícolas, de interesse estratégico para o país, terão as tarifas eliminadas, como suco de laranja, frutas, café solúvel, peixes, crustáceos e óleos vegetais. 

Já os exportadores de carnes bovina, suína e de aves, de açúcar, de etanol, de arroz, de ovos e de mel terão direito a acesso preferencial ao mercado europeu.

Só países que têm mais comércio internacional encontram o rumo da prosperidade. Não conheço nenhuma exceção a essa regra. Em se tratando de relações comerciais, o isolamento é o caminho certo para o abismo.

O acordo contribuirá para aumentar a nossa competitividade e ampliará a inserção do país nas cadeias globais de valor, gerando mais investimentos, emprego e renda. 

A mudança de percepção dos investidores mundiais quanto ao ambiente mais favorável aos negócios no Brasil é outro ponto, uma vez que estamos enviando um forte sinal ao mundo de que é possível promover o livre-comércio baseado em regras e benefícios recíprocos.

Hoje, nossa corrente de comércio mundial significa em torno de 22% do PIB, patamar muito inferior aos 40% dos países desenvolvidos e plenamente integrados ao comércio global.

Minha expectativa é o incremento significativo na produtividade e o aumento do PIB para a geração de milhares de empregos para os brasileiros nos próximos anos. 

Se no passado as colônias sustentaram a Europa, agora, o mundo felizmente mudou: será uma parceria de igual para igual, de nações independentes e com autonomia, em busca da prosperidade em comum.

Kátia Abreu

Senadora da República (PP-TO) desde 2007 e ex-ministra da Agricultura (2015-2016, governo Dilma), é presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal

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