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Susto com o petróleo

Ataque leva a salto inicial da cotação; por ora não se vê risco de dano grave

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Incêndio na sede da Aramco, em Buqayq, na Arábia Saudita - 14.set.19/Reuters

O ataque sofisticado e de autoria ainda não confirmada a duas refinarias da Arábia Saudita já se configura como a maior interrupção de oferta de petróleo da história, superando outros eventos marcantes como o embargo de 1973, a revolução iraniana de 1979 e as inúmeras guerras no Oriente Médio. 

De imediato, estimou-se que a produção do reino seria reduzida em quase metade, numa perda de 5,7 milhões de barris diários —cerca de 6% da oferta mundial. 

Em qualquer lista de potenciais conflitos geopolíticos sempre figurará em destaque a interrupção do fornecimento de petróleo da Arábia Saudita, que poderia também estar associada a conflitos no Golfo Pérsico, principal canal de escoamento de óleo para o mundo. 

Até recentemente o maior produtor do mundo, antes de superado pelos Estados Unidos, o país retém a condição de principal estabilizador no mercado. Permanece como o fornecedor de menor custo e com maior capacidade de elevar a oferta em tempo curto. 

Daí o salto de até 20% no preço do barril no dia seguinte ao evento. Passadas 48 horas, o impacto nas cotações já havia caído à metade, após recados das autoridades sauditas de que a produção estaria sendo normalizada. 

Outras medidas paliativas poderiam ser adotadas, como a liberação de reservas estratégicas americanas e algum aumento coordenado de produção por parte de outros membros da Opep. 

Atribuir responsabilidades é sempre difícil, ainda mais no Oriente Médio. Evidências concretas de atuação iraniana tornariam uma reação americana mais provável, mas até agora os mercados parecem não contar com isso. 

Não houve oscilações marcantes nas Bolsas e nos mercados de moedas. A alta na cotação do petróleo, embora importante, ainda não se mostra suficiente para provocar dano severo à economia mundial. 

Para o Brasil, o encarecimento, se persistente, traria complicadores. Seria difícil evitar repasses para o consumidor, o que poderia também implicar o risco de novas paralisações de caminhoneiros. 

Por ora cumpre evitar alarmismo, embora não se possa descartar a escalada do conflito. Mesmo nesse caso, contudo, o ataque à Arábia, ao mostrar a vulnerabilidade do país, deve ter consequências estratégicas duradouras.

Uma delas, possivelmente, é o interesse por novas fontes de produção, incluindo o pré-sal brasileiro.

editoriais@grupofolha.com.br

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