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Establishment democrata dos EUA começa a se organizar em torno do moderado Biden

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O presidenciável democrata Joe Biden discursa em Los Angeles, Califórnia - Mike Blake/Reuters

A disputa pelo posto de candidato democrata na eleição presidencial americana ganhou contornos mais definidos depois dos resultados da chamada Super Terça, quando eleitores de 14 estados votaram nas primárias do partido.

Até então, o senador esquerdista Bernie Sanders vinha se destacando na corrida, com mensagem radical para os padrões do país. Declara-se socialista, promete combate à desigualdade, ao alto custo da saúde e ao endividamento por empréstimos estudantis.

Mas Joe Biden, ex-vice-presidente na gestão de Barack Obama, venceu as primárias na Carolina do Sul com forte apoio do eleitorado negro, e a maré começou a mudar. Na Super Terça, o moderado levou 10 de 14 estados, enquanto o establishment do partido, antes fragmentado, começava a se aglutinar em torno de sua candidatura.

Os ex-prefeitos Pete Buttigieg e Michael Bloomberg desistiram do pleito e anunciaram apoio a Biden, assim como fizeram outros expoentes democratas. A senadora Elizabeth Warren também decidiu abandonar a corrida.

A organização do centro em torno do ex-vice-presidente tem motivações pragmáticas: seu bom desempenho entre eleitores de vários perfis indica, em tese, melhores condições de enfrentar Trump do que as apresentadas por Sanders.

Uma disputa entre o socialista e o republicano acentuaria o cenário de polarização política, o que tende a beneficiar o atual mandatário. Um nome mais moderado, calcula-se, tem chance de conquistar setores da centro-direita insatisfeitos com o governo.

Biden também enfrenta problemas, a começar pela acusação de Trump de que teria pressionado autoridades da Ucrânia em favor de negócios de seu filho. Sua campanha, ademais, está menos organizada e conta com menos dinheiro que a de Sanders.

De todo modo, teses defendidas pelo ex-vice-presidente —como fortalecer o programa de saúde Obamacare e ampliar o acesso a bolsas e crédito estudantil— têm mais chance de prosperar no Congresso que as propostas de Sanders de saúde pública e universidade gratuita para todos.

É possível que os dois rivais democratas sigam disputando delegados até a convenção do partido em julho, mas o socialista agora terá de mostrar a capacidade de atrair eleitores de outras espectros ideológicos se quiser frente à força demonstrada por Biden.

editoriais@grupofolha.com.br

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