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Balão de ensaio

Com nova norma para volta às aulas, SP testa impacto sanitário e reação popular

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Escola fechada em São Paulo - Adriano Vizoni/Folhapress

Anunciada na sexta (7), a decisão do governo do estado de São Paulo a respeito do retorno às aulas soa como uma tentativa de agradar, numa questão para a qual não há respostas fáceis, a gregos e troianos.

Ao postergar de setembro para outubro a volta oficial das atividades escolares, mas também permitir que estabelecimentos em áreas de epidemia sob controle possam reabrir de forma opcional já no mês que vem, a gestão João Doria (PSDB) busca se equilibrar em meio aos diferentes interesses e pressões que cercam o assunto.

Age, em primeiro lugar, com prudência, visto que o estado não cumpriu os critérios sanitários exigidos —isto é, que as 17 divisões administrativas paulistas atinjam e sustentem por ao menos quatro semanas a classificação amarela, a terceira numa escala de cinco no índice de evolução da Covid-19.

Além disso, um percentual expressivo da população ainda demonstra receio com o retorno das atividades em sala de aula. No caso da cidade de São Paulo, uma pesquisa da Secretaria Municipal de Educação com pais da rede pública mostrou que 80% deles são contrários à medida neste momento.

Por outro lado, a norma estadual atende a necessidades de alunos e também de pais que voltaram a trabalhar presencialmente e não têm com quem deixar os filhos.

Nas regiões que estiverem na classificação amarela por no mínimo 28 dias, as escolas poderão reabrir a partir de 8 de setembro para atividades de reforço pedagógico e acolhimento de alunos, respeitando o limite de 35% dos estudantes até o 5º ano, e de 20% do 6º ao 9º.

O movimento é salutar. Além dos prejuízos potencialmente trágicos à aprendizagem e à convivência social, um período prolongado fora das salas de aula pode acarretar ainda danos à saúde mental.

Levantamento recente sobre o tema realizado pelo Datafolha trouxe dados preocupantes: 75% dos alunos da rede pública estadual de São Paulo vêm apresentando sinais de ansiedade, irritação ou tristeza no confinamento.

Persistem dúvidas, contudo, quanto à possibilidade de ministrar adequadamente as aulas no período opcional. O secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, afirmou que a regulamentação vai esclarecer as atividades que poderão ser realizadas.

Ao fim e ao cabo, a decisão do governo constitui uma espécie de balão de ensaio, cujo fito parece ser avaliar tanto o impacto sanitário da abertura parcial das escolas como a reação popular à medida.

editoriais@grupofolha.com.br

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