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Nulo, mas estável

Apesar de desgoverno, Bolsonaro mantém sua aprovação modesta, aponta Datafolha

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O presidente Jair Bolsonaro cumprimenta pessoas em Porto Alegre - Alan Santos/PR

Os brasileiros, na média, não mudaram de opinião em relação ao desempenho de Jair Bolsonaro desde agosto. Foi naquele mês que o presidente obteve sua melhor avaliação no cargo, segundo o Datafolha —37% de notas ótimo e bom, repetidas neste dezembro; 34% de ruim e péssimo, ante 32% neste mês.

É possível dizer, pois, que Bolsonaro está para completar a primeira metade de seu mandato no melhor de sua popularidade, ainda que um terço do eleitorado o desaprove resolutamente e 42% considerem ruim ou péssima sua atuação no combate à pandemia.

Embora o auge do prestígio presidencial tenha tamanho acanhado, o mandatário mantem sua imagem em patamares que sua capacidade de governança jamais atingiu.

Desde agosto, morreram mais de 70 mil brasileiros por causa da Covid-19. A inflação dos alimentos passou a subir ao ritmo de 21% ao ano, o maior desde 2003. O auxílio emergencial foi reduzido à metade.

O presidente foi objeto de crítica nas campanhas municipais. Não apresentou nenhuma realização de monta. Continuou a sabotar os esforços de controle da epidemia.

A seu favor, persistem os efeitos da maciça transferência de renda às famílias —que, somada à massa de rendimentos do trabalho, mais do que compensa a perda total de renda desde março. O consumo de varejo se recuperou com sobras.

A partir de meados do ano, começou o processo de relaxamento de restrições sanitárias e de reabertura da economia. Apesar do desemprego, o número de pessoas ocupadas cresce. Na segunda metade do ano, Bolsonaro conteve sua campanha raivosa contra os Poderes da República.

São motivos que permitem especular sobre a resistência do prestígio de um mandatário nulo, para dizer o menos. Desde o fundo, sua popularidade se recuperou notadamente entre os mais pobres e menos instruídos. Nota contrastante, o desempenho presidencial é ótimo ou bom para 32% das mulheres e para 42% dos homens.

De uma perspectiva racional, os meses a seguir pareceriam difíceis para Bolsonaro. A negligência em relação às vacinas ficará mais evidente; a recuperação econômica perderá velocidade; a inflação ainda seguirá alta por algum tempo, e os mais vulneráveis perderão o amparo do auxílio emergencial.

Mas não parece possível afirmar que a popularidade do chefe de Estado será abalada —de certo, apenas suas inabaláveis inoperância, negligência e descompostura. Entretanto esse presidente ainda se mostra capaz de satisfazer mais de um terço dos brasileiros.

editoriais@grupofolha.com.br

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