Descrição de chapéu

Biden no governo

Presidente ganha força para tocar agendas econômica e externa, que afeta Brasil

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Joe Biden faz o discurso de posse - Olivier Douliery/AFP

A acidentada transição de governo nos Estados Unidos terminou com nova exibição de soberania das instituições democráticas. Como ocorre a cada quatro anos desde 1789, o presidente eleito foi investido dos poderes de chefe de Estado e habilitado a tentar cumprir a sua agenda administrativa.

Joseph Robinette Biden Jr., que aos 78 anos tornou-se o mais velho a ser empossado para um primeiro mandato, fez o juramento mais forte do que parecia quando ganhou a eleição, no início de novembro.

Com a vitória de dois senadores democratas na Geórgia, há 15 dias, o partido do presidente assegurou maioria nas duas câmaras do Congresso norte-americano.

Dissolveu-se a perspectiva inicial, que era uma gestão manietada pelo impasse legislativo, num sistema já atravessado por múltiplos obstáculos ao poder da Casa Branca.

Embora os republicanos permaneçam numerosos o bastante para retardar o trâmite das propostas presidenciais, dificilmente poderão barrá-las, a começar do megapacote de estímulo contra a crise provocada pela pandemia, orçado em US$ 1,9 trilhão (9,5% do PIB).

A emergência sanitária, que já matou mais de 400 mil pessoas nos EUA, ocupará grande parte das preocupações iniciais do democrata. Ele promete vacinar 100 milhões de pessoas —30% da população— até o 100º dia da gestão.

Num país que prescinde de um sistema universal de saúde, cujos estados têm grande autonomia e onde parcela significativa da população recusa vacinas, será um desafio gigantesco para o presidente.

Por outro lado, uma queda acentuada dos casos de Covid-19, associada ao empurrão econômico, tenderia a conferir um forte impulso de largada ao mandatário.

Menos dificultosa será a tarefa de reverter as idiossincrasias odiosas e isolacionistas legadas por Donald Trump. Está ao alcance de atos presidenciais interromper a construção do muro na fronteira mexicana, relaxar a repressão a imigrantes e retomar a orientação cooperativa nas relações internacionais.

Esse último aspecto concerne diretamente ao Brasil, cujo presidente, Jair Bolsonaro, isola-se ainda mais no concerto global e expõe sua população a graves prejuízos. Persistir na vertente desajustada e abilolada não resultará apenas em falta de vacinas para os brasileiros.

A agenda do novo governante norte-americano para questões climáticas, a cargo de John Kerry, vai fechar o cerco aos párias desmatadores. No caso do Brasil, a mudança ameaça diretamente o agronegócio, um dínamo da economia.

O mundo ocidental volta a padrões de normalidade com Joe Biden na Casa Branca, o que recomenda fortemente ao governo brasileiro repensar as suas escolhas.

editoriais@grupofolha.com.br

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