Depois de terem se unido para divulgar estatísticas diárias acerca da evolução da pandemia no país, veículos da imprensa se mobilizam para fornecer informações sistemáticas sobre a vacinação contra a Covid-19 e promover uma campanha sobre a importância dos imunizantes para superar a grave crise sanitária e econômica em curso.
Diante da omissão funesta da Presidência da República, que descumpre reiteradamente o dever de liderar essas iniciativas e não cessa de vilipendiar a mídia, o consórcio formado por Folha, UOL, O Estado de S. Paulo, O Globo, G1 e Extra se vê mais uma vez instado a se contrapor à irresponsabilidade da administração federal.
A divulgação de balanços sobre a aplicação da vacina em todo o país já está sendo realizada com o concurso de profissionais dedicados a apurar os dados mais confiáveis possíveis para acompanhar o desempenho das autoridades de saúde e dos governantes.
Ainda há, contudo, obstáculos para obter informações junto a algumas unidades federativas. É do interesse do país que venham o quanto antes a ser superados.
São conhecidas as restrições enfrentadas pelo Brasil e por outros países para obter as quantidades suficientes de doses para cumprir o cronograma de imunização. Tais carências, no entanto, se revelariam menos dramáticas se o governo federal se comprometesse em atuar com um mínimo de eficiência no combate à Covid-19.
Não foi o que se viu. Pelo contrário, o presidente Jair Bolsonaro empenhou-se numa sórdida batalha de desinformação a favor do vírus, na qual promove, com o aplauso e a colaboração de uma claque radical e inconsequente, o descrédito de medidas básicas para conter a disseminação da doença.
Bastaria citar a investida contra a atuação técnica do Ministério da Saúde —que culminou com a nomeação de um general servil e inepto para a pasta— para atestar o descaso do mandatário, que se traduz em milhares de mortes potencialmente evitáveis. Outras sandices continuam a ser cometidas —e embasam justificadas acusações de crime de responsabilidade.
Bolsonaro detesta a crítica, o debate, a prestação de contas e, portanto, a imprensa —como manifestou mais uma vez nesta semana, diante de uma plateia de acólitos, com requintes de vulgaridade.
A imprensa profissional, com as diferenças que guarda entre seus veículos, as divergências que naturalmente suscita no debate público e mesmo suas falhas, tem na informação sua missão basilar. A gritaria obscena do presidente apenas escancara sua preferência pela ignorância e pelo autoritarismo.
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