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Democrata lança pacote ambicioso para o clima, mas enfrentará pressão política

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O presidente Joe Biden, na Casa Branca - Tom Brenner/Reuters

Fazendo jus ao ambicioso programa de campanha, no qual a questão ambiental figurou com destaque, o presidente americano, Joe Biden, iniciou o mandato decidido a reverter a senda trilhada por seu antecessor negacionista.

Já no dia da posse, o democrata assinou um conjunto de atos não apenas de peso simbólico mas também de consequências práticas, como o retorno dos EUA ao Acordo de Paris e a revogação da licença para a construção de um oleoduto na fronteira com o Canadá.

Na quarta (27), Biden deu seguimento ao plano. Por meio de uma série de ordens executivas, inseriu o tema das mudanças climáticas no centro das decisões concernentes à política doméstica, à segurança nacional e às relações exteriores.

Estabeleceram-se, por exemplo, as metas de eliminar a poluição de combustíveis fósseis no setor de energia até 2035 e de tornar a economia como um todo neutra em carbono até 2050.

Também foram suspensas novas concessões de exploração de gás e petróleo em áreas públicas, embora a medida não atinja terrenos privados ou contratos vigentes.

Pela primeira vez, determinou-se que as agências de inteligência produzam uma estimativa dos riscos à segurança nacional representados pela emergência climática. Também inédita foi a decisão de fazer da questão ambiental elemento precípuo da política externa.

A resolução de que os Estados Unidos promovam um aumento significativo das ambições climáticas globais deve, segundo analistas, introduzir o assunto nas negociações comerciais, nos programas de ajuda externa e nos acordos bilaterais —com potencial prejuízo para o Brasil, caso o governo Jair Bolsonaro persista em sua insensata marcha antiambiental.

Por mais corretas e meritórias que tais ações sejam, o verdadeiro legado de Biden nessa seara dependerá da aprovação de leis no Congresso, já que ordens executivas podem vir a ser revertidas por futuros presidentes.

Não será tarefa simples. Mesmo parlamentares democratas provavelmente se oporão a políticas percebidas como prejudiciais à indústria de seus estados.

Como se vê, vai se dar sobretudo aí, no Legislativo, o campo de batalha para as promessas feitas por Biden de conduzir os EUA para um economia de baixo carbono —e onde sua tão propalada habilidade para negociar e obter consensos será colocada à prova.

editoriais@grupofolha.com.br

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