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As chances da vacina

País pode reduzir mortes por Covid-19 até maio, mas precisa acelerar o processo

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Fila para cadastramento para a vacina contra a Covid-19 em Serrana (SP) - Eduardo Anizelli/Folhapress

Passado o pior do pessimismo de janeiro, hoje parece razoável a expectativa de que o Brasil possa avançar mais rapidamente na vacinação contra a Covid-19.

Estima-se que serão imunizados até abril grupos de pessoas em que ocorrem atualmente 75% das mortes provocadas pela pandemia. Antes do final de maio, é viável imunizar toda uma população em que se contam 89% dos casos fatais.

Deve-se ressalvar, contudo, que boa parte da quantidade de vacinas suficiente para proteger essas vidas no período previsto existe apenas no papel, nos cronogramas do Butantan e da Fiocruz e na promessa de algumas doses do consórcio internacional Covax.

O sucesso da vacinação até maio depende da existência de 136 milhões de doses. Desse total, cerca de 32 milhões já chegaram, foram aplicadas ou podem ser fabricadas com material já entregue ao país.

Cumpre acelerar esse processo —e não apenas porque ainda se registram mais de 1.000 mortes pelo coronavírus na trágica média diária nacional. É necessário importar vacinas prontas e aperfeiçoar o plano de imunização.

A pasta da Saúde, que precisa superar a incompetência mostrada até aqui, diz negociar a compra de 28 milhões de doses extras, de produtos da Rússia e da Índia.

O objetivo maior e imediato é, ocioso dizer, evitar mortes. Note-se, no entanto, que os grupos de idade em que morrem quase 90% dos infectados pelo vírus equivalem a apenas 28% da população brasileira e 37% da população ora vacinável (maior de 18 anos).

Com imunizantes para esses estratos de maior risco, decerto o morticínio pode ser reduzido de modo significativo e haverá alívio nos hospitais. Restaria, contudo, ameaça relevante para os demais, com o que a vida nas instituições de ensino ou no trabalho, por exemplo, continuaria prejudicada.

Se fossem necessários outros argumentos para acelerar a vacinação quase como um esforço de guerra, há que considerar também que uma epidemia prolongada eleva a probabilidade de novas mutações virais, as quais podem vir a diminuir a efetividade das vacinas ou também multiplicar o número já terrível de mortes.

Não se pode relaxar na cobrança dura das autoridades. O governo Jair Bolsonaro, que ao menos parece ter compreendido a relação óbvia entre o controle da pandemia e a recuperação econômica, tem enorme atraso a superar.

O Brasil não pode se conformar com a perspectiva, por ora ainda otimista, que prevê a vacinação da população em fins deste 2021. É preciso encerrar o quanto antes o calendário de mais um ano de morte.

editoriais@grupofolha.com.br

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