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O que a Folha pensa

Mais alunos nas escolas

Apesar de dificuldades, governo paulista faz bem em favorecer aulas presenciais

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Aula presencial em São Paulo - Rivaldo Gomes/Folhapress

É bem-vinda a decisão anunciada pelo governo de São Paulo de ampliar o retorno de alunos às aulas presenciais no segundo semestre.

Desde que as atividades foram retomadas no estado, os estabelecimentos de ensino têm autorização para atender até 35% dos estudantes por dia. A partir de 1º de agosto, tal limite será abolido, ficando a cargo das escolas determinar a quantidade de alunos nas classes.

Seja qual for o percentual, as unidades deverão continuar respeitando os protocolos sanitários, como uso de máscaras e de álcool em gel, bem como o distanciamento de 1 metro.

Além desses requisitos óbvios, o governo paulista anunciou a aquisição de 3 milhões de testes para realizar o acompanhamento da situação epidemiológica da rede estadual —a serem empregados tanto nos casos sintomáticos como no crucial monitoramento sentinela.

A decisão, decerto, não é isenta de críticas. Fechamentos e reaberturas por vezes se guiam mais por conveniências e pressões setoriais do que pela realidade da epidemia.

Tanto que o anúncio paulista ocorre num momento em que as contaminações seguem em patamar alto no estado, com uma média móvel de mais de 13 mil novas infecções por dia. Ademais, cerca de metade do professorado paulista não terá recebido a segunda dose da vacina até o início de agosto.

Não obstante tais fatores, que tornam compreensíveis os temores de parte dos pais e docentes, é imperioso o retorno do maior número possível de estudantes às escolas.

São dramáticos, afinal, os danos infligidos ao aprendizado por tantos meses longe das salas de aula, sobretudo para as parcelas mais carentes da população —para nem mencionar a privação da merenda e do convívio social.

Segundo um amplo estudo da Universidade de Zurique e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, em parceria com a Secretaria de Educação paulista, o fechamento prolongado das escolas em 2020 fez com que os estudantes da rede pública aprendessem em média somente 27,5% do conteúdo esperado. Em algumas séries houve até mesmo regressão.

Verificou-se ainda aumento da desigualdade educacional e um crescimento expressivo do risco de abandono escolar.

Não será simples reverter tamanho desastre, mas é tarefa que precisa ser iniciada o quanto antes. O retorno às escolas constitui o primeiro passo --e cabe a todos minimizar os riscos para que isso aconteça sem maiores sobressaltos.

editoriais@grupofolha.com.br

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