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Gustavo Luvizutto e Luciane Pascucci

A reabilitação pós-Covid

Exercício físico leve deve ser combinado com atividades de raciocínio lógico

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Gustavo Luvizutto e Luciane Pascucci

Professores da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), são coordenadores de pesquisa sobre sequelas pós-Covid e autores de ‘Avaliação Neurológica Funcional’ (ed. Appris)

A história humana é marcada por pandemias com grande impacto na saúde das populações. O surto recente de coronavírus (Covid-19) em Wuhan, China, se espalhou rapidamente, desencadeando uma batalha permanente que mobiliza vacinas em busca da imunidade imediatamente possível. No entanto, alguns estudos demonstram que pacientes podem apresentar sintomas neurológicos, como dor de cabeça, lentidão, ataxia (incoordenação motora) e mal-estar, além de hemorragia cerebral, infarto cerebral e outras doenças neurológicas.

Estudo com 214 pessoas acometidas de Covid-19 acusou 78 delas (36,4%) com manifestações neurológicas como dor de cabeça, tontura, AVC, perda da consciência, alterações no olfato e perda de sensibilidades nos pés, além de dor e fraqueza muscular.

As alterações neurológicas decorrentes do Sars-CoV-2 podem ter impactos negativos sobre o cérebro e na realização das atividades do dia a dia, como por exemplo, levantar-se de uma cadeira, caminhar longas distâncias, subir e descer escadas, dentre outras. Nesse sentido, tivemos oportunidade de coordenar a pesquisa sobre o impacto da Covid-19 na cognição e atividade do cérebro durante as fases subaguda (4 a 12 semanas após a infecção) e crônica, também conhecida como Covid longa (acima de 12 semanas).

Esse estudo foi realizado na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), com verba do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Observamos que houve uma redução da atividade cerebral em algumas áreas responsáveis por funções cognitivas, tais como tomada de decisão para atividades do dia a dia, memória, raciocínio lógico, atenção ou concentração, entre outras. Notamos também piora da cognição após um ano da doença já controlada, mesmo nos casos de comprometimento inicial leve.

Diversas estratégias de reabilitação para sintomas físicos e cognitivos estão em desenvolvimento e sendo aprimorados para tratamento das fases subaguda e crônica. Nos dias atuais, uma forma alternativa de implementar a atividade física e cognitiva seria o uso de dispositivos tecnológicos (como smartphones).

Coordenamos um segundo estudo com o objetivo de avaliar e acompanhar pessoas com Covid longa. Os pacientes foram divididos em dois grupos. Um deles fazia somente exercícios físicos por um aplicativo no smartphone. O outro grupo fazia, além dos exercícios físicos, atividades cognitivas, como exercícios com respostas rápidas a partir de diferentes números, cores, sons etc.

O grupo que fez o treino físico associado ao cognitivo teve aumento no desempenho cognitivo em geral e em cada teste proposto, tais como tempo de reação, tempo de decisão e atenção. Esse achado revela a importância de exercícios físicos simples e leves, combinados com atividades de raciocínio lógico, pensamento rápido e que exigem atenção e concentração.

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