Descrição de chapéu
O que a Folha pensa

A resistência de Macron

Após desgastes no governo, presidente lidera pesquisas contra a direita radical

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O presidente da França, Emmanuel Macron - Johanna Geron/Reuters

A pouco menos de dois meses para as eleições na França, dois prognósticos parecem certos: o presidente Emmanuel Macron estará no segundo turno e seu adversário será um dos três candidatos à direita, campo cuja retórica vem ganhando tons mais radicais.

Fenômeno novo na paisagem política francesa, Macron implodiu o tradicional sistema bipartidário ao ser eleito em 2017, aos 39 anos, pelo centrista República em Marcha. Ambicioso a ponto de por vezes soar arrogante, o presidente francês chegou ao Palácio do Eliseu cercado de enormes expectativas.

Aos poucos, porém, a realidade se impôs, e Macron viu seu capital político esvair-se ao longo de seguidas crises —caso dos protestos dos "coletes amarelos" e das greves contra a reforma previdenciária.

Mais recentemente, o francês vem tentando assumir o papel de protagonista no continente, ocupando o espaço deixado na política europeia pela saída da ex-chanceler alemã Angela Merkel, como se viu em sua tentativa de atuar como mediador do conflito em torno da Ucrânia, que opõe a Rússia às potências do Ocidente.

Apesar do percurso acidentado, Macron conseguiu preservar um núcleo duro de apoio. As pesquisas mais recentes dão-lhe o primeiro lugar, com 25% —índice muito similar ao obtido no primeiro turno do pleito de 2017.

Na sequência, aparecem, próximos, os três candidatos que provavelmente disputarão um lugar no segundo turno: Marine Le Pen e Éric Zemmour, representantes da ultradireita, e Valérie Pécresse, da direita tradicional.

Derrotada por Macron na última eleição, Le Pen tentou nos últimos anos suavizar a imagem de seu partido, marcado pelo discurso xenofóbico e pela defesa de políticas anti-imigração.

No entanto a entrada em cena de Zemmour, recentemente condenado por incitar o ódio contra migrantes e conhecido por ataques ao feminismo, ao islã e ao multiculturalismo, acabou por cindir o campo radical e tirar votos de Le Pen.

Também Pécresse vem endurecendo o discurso com vistas a disputar esse eleitorado. Buscando vender-se como a melhor opção conservadora para derrotar o presidente, ela tem pautado sua campanha por questões de identidade nacional, imigração e segurança.

Com os principais rivais competindo para exibir radicalismo, Macron pode representar só, no pleito, os valores da democracia liberal.

editoriais@grupofolha.com.br

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.