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Sinais de trégua

OMS constata alívio da Covid-19 na Europa, mas não se descartam novas variantes

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Produção de autotestes em Guipry-Messac, na França - Stephane Mahe/Reuters

A Organização Mundial da Saúde avalia que a variante ômicron do Sars-CoV-2 estaria propiciando "trégua que pode trazer uma paz duradoura" na pandemia. O vaticínio cautelosamente otimista partiu de Hans Kluge, membro da divisão europeia da entidade.

Após dois anos, com efeito, cautela é o que mais se recomenda em prognósticos sobre Covid-19, seja no plano individual, seja no epidemiológico. O coronavírus já surpreendeu o mundo mais de uma vez, quase sempre com más novas.

Desta vez, há sinais benignos em vista na Europa. O continente conta com três quartos da população vacinada com uma primeira dose e mais de 45% já com a de reforço.

Com a aproximação do fim do inverno e tanta gente imunizada, é de prever que o número de infecções comece a recuar. Isso apesar de a ômicron ser muito mais transmissível que a antecessora, a delta, mas com a vantagem de ocasionar menos hospitalizações e mortes.

Reconhecer uma evolução benfazeja, entretanto, não autoriza relaxar por completo medidas de contenção do vírus, como ensaiam algumas nações europeias. Apenas dois dias antes, outros dirigentes da OMS haviam alertado para o risco de afrouxar demais ou rapidamente as restrições.

"Mais transmissão significa mais mortes. Não estamos pedindo um retorno a lockdowns, mas que protejam seu povo usando todos os recursos disponíveis, não só vacinas", dissera o diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O Brasil oferece exemplo alarmante do dano causado pela ômicron, que sob esse prisma nada tem de leve: a presente explosão de casos devolveu a média móvel de mortes por Covid a patamares inaceitáveis, na casa de 700 óbitos diários. Isso embora o país ostente percentuais de vacinação parecidos com os europeus.

Cabe assinalar que trégua não implica vitória. Maior circulação do coronavírus favorece a ocorrência de mutações como as que originaram as variantes ômicron e beta na África do Sul, delta na Índia e gama no Brasil.

A acelerada reprodução da ômicron em organismos humanos já engendrou um subtipo, BA.2, que parece ainda mais transmissível.

Nada disso é novidade para virologistas e epidemiologistas. No melhor cenário, a Covid se tornaria uma moléstia sazonal, controlável com imunização periódica da população, mas não se conhece ainda o suficiente do Sars-CoV-2.

editoriais@grupofolha.com.br

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