Descrição de chapéu Coronavírus União Europeia

OMS cita trégua da Covid na Europa após alertar contra relaxamento de restrições

Para diretor regional da entidade, adesão a vacinas e monitoramento de variantes permitem controle da transmissão

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BAURU (SP)

Depois de pedir cautela na suspensão das restrições impostas para contenção do coronavírus e dizer que ainda é cedo para declarar vitória contra a Covid-19, a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse nesta quinta-feira (3) que a Europa está vivendo um momento de trégua na pandemia.

Hans Kluge, diretor da divisão europeia da entidade, definiu o cenário como o de uma "trégua que pode trazer uma paz duradoura". O belga citou um conjunto de três fatores que permitiriam ao continente europeu um "respiro" depois de mais de dois anos enfrentando a crise sanitária.

O primeiro é o alto número de pessoas vacinadas —de acordo com o Centro Europeu para Controle e Prevenção de Doenças (ECDC), 74,4% dos habitantes do continente receberam ao menos a primeira dose do imunizante, 70,4% completaram o primeiro ciclo vacinal e 45,2% já tomaram a dose de reforço.

Clientes em bar de Amsterdã no final de janeiro, na reabertura do setor na Holanda - Olaf Kraak - 29.jan.22/AFP

O segundo fator mencionado por Kluge é a menor gravidade da ômicron. Embora seja mais contagiosa que outras cepas do coronavírus, essa variante pode causar infecções com sintomas mais leves, de acordo com estudos preliminares. Há, no entanto, uma preocupação da OMS com o fato de essa percepção levar governos e populações a considerarem que medidas de controle não são mais necessárias —o que seria uma conclusão equivocada.

Por último, o diretor da entidade cita a aproximação do fim do inverno no hemisfério Norte, já que temperaturas mais baixas tendem a favorecer a transmissão de doenças respiratórias como a Covid-19. Esses três fatores, para o belga, representam uma defesa com a qual a Europa poderá responder ao ressurgimento do vírus de maneira mais eficaz do que a vista nos últimos dois anos.

"Há uma oportunidade única de assumir o controle da transmissão", disse Kluge, acrescentando, porém, algumas ressalvas. Essa "trégua" só deve se manter se a imunidade for preservada a partir da adesão maciça da população às campanhas de vacinação e se os países permanecerem vigilantes acerca do surgimento de outras possíveis variantes.

O braço europeu da OMS agrupa 53 países, entre os quais alguns que, geograficamente, estão na Ásia Central. O bloco soma, desde o início da pandemia, 147,7 milhões de casos e 1,7 milhão de mortes por Covid. Nos últimos sete dias, o conjunto de países registrou 11,7 milhões de novas infecções e 65,8 mil mortes (respectivamente, 53% e 33,7% do total global).

Desde o mês passado, vários países europeus têm anunciado o relaxamento parcial ou total das restrições impostas para conter a transmissão do vírus. Reino Unido, França, Noruega, Dinamarca, Finlândia e Áustria, por exemplo, voltaram —ou têm data marcada para tal— a abolir o uso obrigatório de máscaras e o passaporte vacinal.

Nesta quinta, foi a vez de a primeira-ministra da Suécia, Magdalena Andersson, anunciar que, a partir de 10 de fevereiro, bares e restaurantes não terão mais limite de horário de funcionamento, e reuniões públicas em locais fechados poderão voltar a ter mais de 500 pessoas. "É hora de abrir a Suécia novamente", disse. "Olhando para futuro, as taxas de infecção permanecerão altas por algum tempo, mas até onde podemos julgar as piores consequências dos contágios já ficaram para trás."

Entidade afirma que África precisa acelerar vacinação em 6 vezes

Se na Europa a avaliação da OMS é de relativa tranquilidade, a entidade traçou nesta quinta um cenário bem distinto para a África. Matshidiso Moeti, diretora para o continente, afirmou que é urgente acelerar o ritmo de vacinação em pelo menos seis vezes.

Apenas 11% dos africanos estão totalmente imunizados, média bem inferior à global. Segundo Moeti, cerca de 6 milhões de pessoas estão recebendo doses por semana no continente, "mas esse número precisa aumentar exponencialmente, para 36 milhões semanais, para colocar os países no caminho de vencer essa pandemia".

Ela reforçou ainda que os africanos "não devem se tornar complacentes" com os relatos de que a ômicron em geral causa quadros mais leves de Covid do que as variantes anteriores.

"Estamos vendo sinais de que o entendimento das pessoas é o de que esse vírus está se espalhando muito rápido, mas não é muito letal e, portanto, alguns pensarão 'para que se incomodar?'", disse ela.

Em evento separado, o diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da África, John Nkengasong, fez novo alerta para os países não irem longe demais no relaxamento das restrições —algo similar ao que a OMS afirmou nesta quarta em relação à Europa.

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