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Desigualdades do clima

Impactos do aquecimento global são mais letais em países pobres, diz relatório

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Busca por desaparecido na tragédia provocada pelas chuvas em Petrópolis (RJ) - Eduardo Anizelli/Folhapress

São decrescentes as chances de a humanidade evitar um desastre planetário decorrente da mudança do clima, cujos desdobramentos já afetam de forma significativa populações e ecossistema inteiros.

O prognóstico emerge da segunda parte do AR6, o sexto relatório de avaliação do IPCC, painel do clima das Nações Unidas —um compilado da melhor ciência produzida sobre o tema, que busca nortear a ação dos governos.

A primeira, anunciada em agosto de 2021, focalizara as bases físicas da alteração climática; a atual concentra-se nos impactos, vulnerabilidades e adaptações.

Conduzida por 270 pesquisadores de 67 nações, a extensa revisão científica descreve um cenário de flagrante desigualdade, em que regiões mais pobres terminam desproporcionalmente afetadas.

Basta dizer que, de 2010 a 2020, a letalidade de secas, inundações e tempestades em áreas altamente vulneráveis, que incluem países da África, Ásia e América Latina, foi de 15 vezes a verificada em nações mais ricas. Além disso, espantosos 40% da população mundial vive em zonas de risco, altamente suscetíveis à mudança climática.

Se a temperatura média do mundo subir 1,5°C na comparação com os níveis pré-industriais (o objetivo do acordo de Paris), até 14% das espécies terrestres correrão risco muito alto de extinção.

Ocorre que a redução de emissões proposta até o momento implica aumento acima de 2,5°C. Nesse cenário, quase um terço da vida sobre a terra pode desaparecer.

E mesmo que o limiar de 1,5°C seja ultrapassado apenas temporariamente, afirma o relatório, uma série de danos graves e irreversíveis deve afetar de ecossistemas à geração de energia, passando pela segurança alimentar e pelo abastecimento de água.

Um dos ecossistemas destacados no relatório é a Amazônia, onde o impacto das alterações do clima se soma ao avanço crescente do desmatamento. Incêndios, desflorestamento e períodos de seca ameaçam transformar parte substancial da floresta numa vegetação de campo, com repercussões deletérias para o agronegócio brasileiro.

Apesar dos reiterados alertas do IPCC e dos efeitos já visíveis do aquecimento global, os compromissos dos países para reduzir suas emissões e a ajuda financeira às nações mais vulneráveis seguem em franco descompasso com a realidade, como se pôde constatar mais na recente COP26.

editoriais@grupofolha.com.br

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