Nos últimos meses de vida, o então prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), nos convidou a recordar todos aqueles que nos deixaram devido à pandemia e a plantar mais árvores, contribuindo assim para o reflorestamento da capital paulista.
No último dia 14 de março, a convite do secretário do Verde e do Meio Ambiente, Eduardo de Castro, nós, cônsules francês e alemão, prestamos homenagem às vítimas da Covid-19, plantando pés de ipê no memorial do Parque do Carmo, na zona leste de São Paulo.
Já faz dois anos que a Covid-19 assola todos os continentes, deixando mais de 6 milhões de vítimas em todo o mundo. Por trás desse número inacreditável há vidas destruídas, famílias em luto, dilaceradas.
A luta contra o novo coronavírus tem sido intensa. Uma luta terrível, mas que possibilitou expressar o que o ser humano tem de maior: coragem, inteligência, compaixão, amor. Tempos de grandes desafios são tempos de grande solidariedade. Houve exemplos notáveis disso, tanto no aspecto pessoal quanto na cooperação entre países.
O que nos dá força é a amizade e a vontade de ajudar demonstrada por tantas pessoas. Essas lembranças trazem confiança. Elas nos mostram como podemos passar juntos por crises futuras.
Isso também se aplica nas relações internacionais. Devido à cooperação internacional, não estamos mais desamparados diante da doença. Devemos o rápido desenvolvimento de vacinas e, mais recentemente, de medicamentos eficazes, à cooperação científica entre as nações. Uma cooperação na qual França, Alemanha e Brasil têm sido tanto beneficiários quanto contribuintes. Essa cooperação envolveu não apenas países, mas também governos locais, instituições de pesquisa, empresas e a sociedade civil.
Nestes tempos conturbados, num mundo ainda abalado pelos espasmos da pandemia, é sempre por meio da cooperação internacional que conseguiremos ultrapassar as crises: aquecimento global, guerras, terrorismo. Pela sua vontade de superar as diferenças, de superar as armadilhas do passado, de trabalhar em conjunto, França e Alemanha demonstraram que a cooperação entre os povos é uma força motriz inesgotável. Um imenso gerador de esperança e de ações.
Os ipês plantados no Parque do Carmo serão símbolos da memória que aqui encontra abrigo. Eles também serão testemunhas do que conseguimos fazer juntos.
Essas árvores serão guardiãs silenciosas, mas o sussurro de suas folhas contará aos nossos filhos o que fizemos. Contarão o futuro que construímos juntos para eles e sobre a luta que travamos pelo planeta. Contarão sobre a paz que construímos juntos. Essas árvores são um pouco como nós, como aquelas que Guimarães Rosa falou: "Por cativa em seu destinozinho de chão é que a árvore abre tantos braços".
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