A nova pesquisa Datafolha sobre a corrida presidencial reafirma o cenário de estabilidade que, para a ansiedade das principais forças políticas envolvidas na disputa, observou-se nos levantamentos anteriores. O instituto ainda divulgará novos dados no sábado (1º), véspera do primeiro turno de votação.
Levando-se em conta os votos válidos, critério utilizado na totalização do Tribunal Superior Eleitoral, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alcança 50% das intenções, enquanto seu principal adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL), tem 36%. Ciro Gomes (PDT), com 6%, e Simone Tebet (MDB), com 5%, empatam em terceiro.
O resultado permanece inconclusivo quanto à perspectiva de uma vitória do petista já neste domingo, ainda mais considerando-se a margem de erro de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
A três dias do pleito, uma expressiva maioria de eleitores afirma que já tomou sua decisão, mas 15% dizem que ainda podem mudar o voto —dados que continuam a apontar para a consolidação da contenda entre Lula e Bolsonaro, mas reforçam a imprevisibilidade quanto ao desfecho da primeira rodada.
Caso o embate se transfira para o segundo turno, o Datafolha volta a mostrar vantagem para o ex-presidente, que tem hoje 54% das intenções, ante 39% de seu rival.
A pesquisa mais uma vez mostra forte rejeição dos eleitores a Bolsonaro, obstáculo que o mandatário não consegue superar. Enquanto 39% dizem que não votariam de jeito nenhum em Lula, seu maior oponente é rechaçado por 52%.
No que tange às tendências regionais, o petista segue com larga vantagem no Nordeste, onde marca 66% dos votos válidos, contra 23% do presidente. Lula também vence no Sudeste, o maior colégio eleitoral, por 45% a 38%, e surge à frente, na margem de erro, no Norte (45% a 42%). Bolsonaro tem vantagem numérica no Sul (46% a 41%) e no Centro-Oeste (45% a 41%).
A avaliação do governo federal também permanece estacionada em patamar desconfortável para o incumbente, a despeito do aumento promovido no Auxílio Brasil e da intervenção nos preços de combustíveis e energia elétrica. São 31% os que consideram a gestão ótima ou boa, enquanto 44% a tacham de péssima ou ruim.
Trata-se de impopularidade elevada para uma disputa à reeleição, mas a fatia dos satisfeitos é grande o bastante para manter a chance do mandatário de chegar a um segundo turno e tentar virar o jogo. Num cenário tão incerto, abstenções e eventuais opções pelo voto útil podem ser decisivas.
Em qualquer hipótese, Bolsonaro tem diante de si uma tarefa inglória, a julgar pelo seu insucesso em reduzir a rejeição a seu nome e em explorar os pontos potencialmente vulneráveis de seu adversário.
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