Wayuri, voz coletiva da Amazônia

Rede de comunicadores produz, traduz e leva notícias muitas vezes essenciais para a sobrevivência a lugares recônditos do Brasil

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Sobre a Amazônia, costuma-se falar "de acordo com" ou para "dar voz a". Mas a rede de comunicadores indígenas Wayuri —que nasceu com 18 integrantes e hoje tem 55, de 15 etnias— vem falando em primeira pessoa, com língua própria, sobre a terra em que nasceram, cresceram e lutam para seguir habitando.

Vinculados à Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro, que reúne 23 povos, há cinco anos produzem, traduzem e levam notícias muitas vezes essenciais para a sobrevivência a lugares recônditos do Brasil.

O presidente da Foirn (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro), Marivelton Barroso, e o general do Exército Alexandre Ribeiro de Mendonça, durante reinauguração da Casa do Saber, em São Gabriel da Cachoeira (AM), em 19  de abril de 2021
O presidente da Foirn (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro), Marivelton Barroso, e o general do Exército Alexandre Ribeiro de Mendonça, durante reinauguração da Casa do Saber, em São Gabriel da Cachoeira (AM), em 19 de abril de 2021 - Fabiano Maisonave - 19.abr.2021/Folhapress

O foco é a "defesa territorial, cultural e dos direitos desses povos", resumiu Claudia Wanano, editora e produtora da Wayuri, em nossas conversas durante e depois do festival Fala, que reuniu em Salvador representantes de meios alternativos de várias regiões do país. Atenção à diversidade na prática e capacidade de adaptação são indispensáveis nesse processo, que atinge 750 comunidades.

Votações sobre pautas indígenas, campanhas de saúde, anúncios de ameaças que se avizinham ou já se instalaram no território são alguns dos componentes, por exemplo, do programa de rádio semanal Papo da Maloca, com alcance em São Gabriel da Cachoeira e arredores, onde a rede está sediada.

Também de um boletim de áudio que pode ser ouvido em português nos tocadores de podcast e que é vertido, com circulação local, para as quatro línguas co-oficiais da região: nheengatu, tukano, baniwa e yanomami.

Apesar de dificuldades, como a instabilidade da internet e a carência de equipamentos, eles continuam a se expandir e a tecer alianças, além de promover oficinas de formação de lideranças indígenas e de mulheres com foco em comunicação e incidência política. "Temos vários sonhos, sempre compartilhando com todo mundo", diz Wanano, com comovente entusiasmo e serenidade.

É esse compromisso que compõe a essência da rede: "wayuri" significa "trabalho coletivo" em nheengatu.

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