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O que a Folha pensa

A chance de Tarcísio

Eleito terá boas oportunidades se fizer escolhas corretas fora do bolsonarismo

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Tarcísio de Freitas (Republicanos), eleito governador de São Paulo - Ronny Santos/Folhapress

A vitória de Tarcísio de Freitas (Republicanos) na disputa pelo governo paulista é, sem dúvida, o feito mais vistoso do bolsonarismo nestas eleições. Mas, além de não ser considerado um seguidor radical no plano ideológico, o ex-ministro se apresenta com perfil técnico.

Em sua passagem pela pasta da Infraestrutura, comportou-se como um gestor discreto e diligente —o bastante para destoar do padrão de incompetência escandalosa da grande maioria de seus colegas na Esplanada brasiliense.

Carioca, de origem militar e ocupante de cargos importantes nos governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB), Tarcísio começou a campanha como um quase desconhecido do eleitorado do estado mais rico e populoso do país. O seu conhecimento da realidade paulista foi motivo de contestações dos adversários.

Abraçou, com titubeios posteriores, teses equivocadas na área de Segurança Pública, na tentativa de agradar ao corporativismo policial —uma das bases bolsonaristas mais importantes. Cometerá um erro grave se de fato acabar com o bem-sucedido programa de câmeras corporais nas fardas da PM.

Protagonizou episódio rumoroso quando uma visita à favela de Paraisópolis, na capital, foi interrompida por um tiroteio.

Tarcísio superou forças que predominaram na política paulista ao longo de quase três décadas —o PSDB, que ocupa o Bandeirantes desde 1995, e o PT, que chegou ao segundo turno com o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad.

Terá condições políticas e orçamentárias favoráveis para um bom governo, se fizer as escolhas corretas. O estado mantém suas finanças em ordem e teve sua arrecadação alavancada a partir de 2021.

É preciso, porém, avançar em qualidade da educação, linhas metroviárias e ferroviárias, despoluição de rios e combate ao crime patrimonial, além de enfrentar a carência nacional na saúde.

O eleito não deverá ter maior dificuldade em negociar com legendas ao centro, seja na Assembleia Legislativa, seja no plano nacional. O ex-prefeito da capital Gilberto Kassab, expoente do PSD, é um aliado de primeira hora.

Será interessante, daqui para a frente, observar a relação de Tarcísio —agora o principal representante do bolsonarismo legitimado pelas urnas e no comando do segundo maior Orçamento do país— com o futuro presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

editoriais@grupofolha.com.br

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