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A força do agro

Previsão de safra recorde realça avanço do setor, muito superior ao dos demais

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Plantio de soja próximo à rodovia Chico Xavier (BR-050), na altura de Brasília - Ana Bottallo/Folhapress

Não é de hoje que o agronegócio destoa do restante da economia brasileira. Aumento da produtividade e integração com o mundo o distinguem e alavancam o crescimento em diversas regiões.

Estudo da consultoria LCA mostra que, entre 2019 e 2022, a renda real do setor aumentou quase 30%, um crescimento muito acima do observado em outros segmentos, que não conseguem superar o quadro de quase estagnação.

Tal salto decorre da combinação incomum de preços em alta no exterior dos principais itens produzidos —soja, milho e proteína animal— com a significativa desvalorização do real no período. O resultado é o melhor patamar da história para as cotações em moeda local.

O desempenho dependeu, portanto, de fenômenos externos ao setor, cuja produção pouco aumentou no período recente. Mesmo assim, as expectativas para a safra de grãos em 2023 são positivas. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima alta de 15,3%, com produção de 312,3 milhões de toneladas, um novo recorde.

Embora diretamente responsável por apenas 8% do Produto Interno Bruto, o agronegócio pode superar os 25% se for considerada toda a cadeia produtiva —que inclui máquinas, pesquisa e serviços.

Não é por acaso que a renda per capita cresceu, entre o segundo trimestre de 2022 e o mesmo período do ano passado, mais de 10% nos principais estados produtores. O Tocantins é o recordista, com 26,1%. A média nacional não deve superar 2% na mesma comparação.

Em prazos mais longos, a disparidade é ainda mais gritante. Cálculos da MB Associados indicam que, de 2012 até este ano, o PIB per capita do Centro-Oeste cresceu mais de 10%, ante retração de 4,7% do Brasil em termos agregados.

Todavia o futuro pode ser mais difícil. Além de mudanças climáticas, são óbvios os riscos oriundos da piora da imagem do país na questão ambiental. A decisão da União Europeia de não importar produtos de áreas recentemente desmatadas é um primeiro sinal. Outros embargos virão, se o governo não mudar sua política.

Parcelas modernas do agronegócio devem entender que não bastará conter pressões vindas do exterior. É do interesse nacional tomar a dianteira e viabilizar mecanismos econômicos para garantir a preservação, o que inclui programas sociais de envergadura para mais de 20 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia Legal.

Do contrário, o país desperdiçará sua maior vantagem comparativa.

editoriais@grupofolha.com.br

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