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O que a Folha pensa mudança climática

Na defesa de florestas

Com desmate em alta, Brasil evita países ricos; cenário tende a mudar com Lula

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Área desmatada no município de Apuí (AM) - Lalo de Almeida/Folhapress

Como em 2021, o Brasil entrou na COP27, no Egito, sem divulgar informações completas sobre o desmatamento na Amazônia. Sobram razões para o governo Jair Bolsonaro (PL) se mostrar acuado diante da pressão mundial.

Virá decerto nova cifra escabrosa sobre a maior fonte nacional de gases do efeito estufa, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) anunciar a estatística oficial anual do sistema Prodes. A julgar por alertas mensais do programa Deter-B, do mesmo Inpe, a devastação segue firme.

Em outubro, mediram-se 904 km² de corte raso, a maior área registrada para o mês desde que o Deter-B começou, em 2015. Só nos quatro meses desde agosto, registraram-se 4.020 km² de derrubadas, aumento de 45% sobre os 2.779 km² de igual intervalo em 2021.

Sob Bolsonaro, o desmatamento aumentou a partir de 2019 e voltou ao patamar acima de 10.000 km² por ano. Não espanta, assim, que a diplomacia nacional comece a COP27 mais uma vez na defensiva.

O Brasil não toma parte, por exemplo, na Parceria de Líderes para Floresta e Clima lançada no Egito. Há União Europeia e 26 países na lista, inclusive Indonésia, a terceira nação com mais matas tropicais —ainda assim, só um quinto do que se encontra aqui. O segundo posto é da República Democrática do Congo (RDC), que tampouco integra a iniciativa.

O Itamaraty justificou em nota que haveria foros com formato mais adequado para tratar das necessidades dos países em desenvolvimento. Defende, ainda, que se renove o Fundo Verde para o Clima e que países ricos diminuam a resistência a pagamentos por redução do desmatamento.

Seria irônico, se não fosse trágico: o mesmo governo, por pirraça ideológica, congelou R$ 3 bilhões do Fundo Amazônia, depositados por Noruega e Alemanha para recompensar o país por seu desempenho antes de Bolsonaro.

O Planalto vê com bons olhos outra iniciativa, a chamada Opep das Florestas, que reúne as três potências florestais —Brasil, RDC e Indonésia— e foi lançada no G20. Ficam então de fora países da Europa, como França e Reino Unido, que o atual presidente tanto hostilizou.

A ida ao Egito do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pode começar a recompor a liderança brasileira no esforço global para conter a mudança climática.

O país tem muito a ganhar, seja em recursos para a conservação, seja poupando a economia, a agropecuária e a população dos eventos atmosféricos mais extremos previstos pela ciência.

editoriais@grupofolha.com

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