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A doçura do infante

Trata-se de Deus encarnado, um varão divino

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Edson Luiz Sampel

Teólogo, é professor do Instituto Superior de Direito Canônico de Londrina

A palavra "natal" significa "nascimento". Assim, podemos dizer "o natal de fulano, o natal de sicrano". Sinônimo de "natal" é, também, "natividade". Neste domingo (25) —todos sabem!— celebramos o nascimento de Jesus Cristo. Teologicamente falando, a solenidade cristã mais relevante é a Páscoa, quando comemoramos a ressurreição de nosso Senhor. Até hoje, apenas Jesus Cristo e a mãe dele, Maria santíssima, ressuscitaram.

Vemos Jesus criancinha na manjedoura, no presépio. Admiramo-lo sobremaneira, principalmente porque estamos cônscios de que se trata de Deus encarnado na história: um varão, uma pessoa divina. Mas, infelizmente, muitos encaram Jesus tão só como a personagem de um livro, a Bíblia. Alguém que nasceu, viveu pregando o amor e realizando portentosos milagres; morreu, ressuscitou e pertence ao passado remotíssimo. Subsiste somente sua mensagem de esperança e de congraçamento universal.

No entanto, na eucaristia, todo domingo, na missa, manducamos sacramentalmente o corpo daquele menino deitado no improvisado berço de Belém. De fato, quando Jesus disse aos discípulos que quem come a carne dele tem a vida eterna (Jo 6, 54), causou tamanha espécie que alguns o abandonaram (Jo 6, 60). Aqui se encontra liame histórico-salvífico entre o guri de Belém e nós outros, homens do século 21: o sacrifício da missa.

Mas não é só isso! Jesus-menino virou homem adulto e fundou a Igreja Católica, como ensina o Concílio Vaticano 2º ("Lumen Gentium", 14a). A propósito, a fundação da Igreja Católica por Jesus Cristo não depende de fé; é fato histórico verificável, por exemplo, na série ininterrupta de papas em Roma, desde São Pedro, incumbido por Jesus de chefiar a igreja (Mt 16, 18).

Desta feita, não nos relacionamos com Jesus apenas espiritualmente, vagamente ou moralmente; entabulamos com o Divino Mestre vinculações jurídico-institucionais através da Igreja Católica. Aliás, os próprios bens espirituais de que fruem os irmãos separados, isto é, os protestantes, emanam da Igreja Católica (Concílio Vaticano 2º, "Unitatis Redintegratio", 3c).

A ternura do bebezinho recostado na cama ao lado de Nossa Senhora vislumbramos nos sete sacramentos divinos. É a doçura do infante, também estampada no rosto de Jesus homem feito, que nos perdoa na confissão, nos cura na unção dos enfermos, nos fortifica na crisma e, acima de tudo, nos santifica no batismo, mas, precipuamente, nos nutre no sacramento da eucaristia: corpo e sangue de Jesus, sob a aparência de pão (hóstia) e vinho.

Na Igreja Católica, composta de leigos e clérigos, malgrado os defeitos dos homens, como os havia já entre os 12 apóstolos, refulge espetacularmente a candura do bebezinho divino da Palestina. Deveras, sem a Igreja Católica não se ouve sequer o eco das palavras pronunciadas por Jesus Cristo há 2.000 anos.

Tudo fica reduzido a um livro, e o cristianismo não é a religião do livro ("Catecismo da Igreja Católica", n. 108). Muito tempo antes de surgir o primeiro escrito do Novo Testamento, os católicos celebravam a missa e recebiam os outros sacramentos.

Não se há de negar que o maior fruto do Natal é exatamente o aparecimento da Igreja Católica! Com efeito, a ereção dessa sociedade maravilhosa constava do decreto eterno de Deus, porém, com a encarnação do Verbo, o sonho divino se concretiza. Sendo assim, neste Natal, católicos e acatólicos, gente de boa vontade, procuremos viver com coragem e entusiasmo os ensinamentos do atual vigário (representante) de Cristo, nosso amado papa Francisco.

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