A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e o Farol Jornalismo acabam de publicar um raio-X dos erros e desafios do jornalismo brasileiro com projeções sobre o que se poderia, ou deveria, esperar da sua prática para o ano que vem.
Trata-se da sétima vez em que essa espécie de autoanálise da profissão é publicada, mas, após quatro anos em que a busca e a publicação de informações de forma profissional se tornaram atividades passíveis de violência e escárnio diários, dessa vez olhar-se no espelho devolve novos reflexos.
Assinada por nove autores — entre eles, esta colunista —, a coletânea "O Jornalismo no Brasil em 2023" oferece uma visão coral dos tempos recentes vividos pela categoria: uma sucessão de bruscos banhos de realidade, vertiginosos aprendizados e grandes escolhos que tiveram que ser superados em plena turbulência. Bolsonarismo, desinformação e diversidade são tônicas que perpassam boa parte das reflexões.
Longe de ser um compêndio autocongratulatório ou uma lambida coletiva de feridas, a série convoca à vigilância permanente para que o jornalismo possa transformar as duras lições recebidas (aprendidas?) em ação concreta e consciente. "A ética requer posicionamentos deliberados, não automáticos. O jornalismo (...) parece começar a se dar conta disso", escreve, por exemplo, Rafiza Varão, professora de ética e jornalismo da Universidade de Brasília.
Por sua vez, Tiago Rogero, criador do extraordinário podcast do projeto Querino, entre outros, fala sobre a necessidade de formatos e opções de financiamento variados para contar histórias diversas: "Fazer sucesso não deve ser uma obrigação do jornalismo", recorda.
Crise climática, jornalismo de dados, SEO, jornalismo local e futuro da mídia bolsonarista são ainda outros dos assuntos que compõem o especial.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.