A maior empresa do país passará pela quinta troca de comando em apenas quatro anos, o que decerto não inspira grande confiança na gestão de um patrimônio líquido na casa dos R$ 370 bilhões. A estatal Petrobras consegue a triste proeza de atrair o intervencionismo de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Sob o primeiro, presidentes da petroleira foram trocados ao sabor dos arroubos populistas contra a alta dos preços dos combustíveis. Preservaram-se, a despeito de intervenções tributárias, as normas que atrelam as cotações domésticas às do mercado internacional.
Já o líder petista acaba de formalizar a indicação de um companheiro de partido, o senador Jean Paul Prates (RN), para o posto mais alto da companhia —que não é ocupado por um político desde o longínquo 2005, não por coincidência no primeiro governo Lula.
Prates não é um neófito no ramo. Ao contrário, sua atuação em empresas de consultoria do setor deverá passar por verificação a fim de assegurar a inexistência de conflitos de interesse. Nesta quarta-feira (4), o parlamentar deu mostras de sensatez ao discorrer sobre a política de preços dos combustíveis.
Em entrevista à agência Bloomberg, disse que haverá revisão dos cálculos para os reajustes periódicos, mas será mantido o alinhamento com os valores globais. Assim determina o estatuto da empresa, aliás, para o bem de sua saúde financeira e administrativa.
São mais vastos, porém, os temores sobre o destino da companha na gestão petista. Parafraseando a célebre máxima de Millôr Fernandes sobre o Brasil, a Petrobras tem um enorme passado pela frente.
Os desmandos na estatal durante os governos Lula e Dilma Rousseff nem de longe se limitaram aos escandalosos casos de corrupção descobertos pela Lava Jato —fatos que os erros e excessos da operação judicial não obscurecem.
Os prejuízos bilionários recordes de 2014 e 2015 refletiram, acima de tudo, imprudência e incompetência decorrentes do uso político e ideológico da empresa, em particular em projetos faraônicos sem sentido econômico nos tempos de euforia com a alta do petróleo.
De lá para cá, a Petrobras viveu um processo de ajustes perseverantes, incluindo a venda de subsidiárias, e de melhora em sua governança, para a qual contou com a Lei das Estatais, de 2016.
O estatista Lula não surpreendeu ninguém ao tirar a petroleira do programa de privatizações logo no primeiro dia de mandato. Em respeito ao patrimônio público, deveria evitar novos retrocessos.
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